Julival Ribeiro
Atualizado março - 2022
Infecção de Pele e Partes Moles
*Suspeitar de infecção grave por S. aureus associada à PVL: se o paciente tem fasciíte necrotizante, furunculose ou abscessos recorrentes, ou se houver casos de fasciíte necrotizante em umgrupo familiar ou social. Tratamento: vancomicina, teicoplanina, linezolida, daptomicina + clindamicina.
Mordedura
Atentar para profilaxia da Raiva Humana e do Tétano.
Já existem trabalhos publicados sobre o fechamento primário versus retardado, para ferida não infectada, porém não há consenso. A maioria dos ferimentos não deve ser fechado, com possível exceção de lesão facial.
Fasciíte necrotizante
Fasciíte necrotizante pode ocorrer em pessoas sadias e de qualquer idade, sem nenhuma história pregressa de doenças em nenhuma porta de entrada. Os fatores de risco para infecção necrotizante são:
Trauma penetrante;
Pequenas lacerações outra uma fechado (entorse, contusão ou tensão muscular);
Lesão da pele (lesões da varicela, picadas de inseto, usuário de droga intravenosa);
Cirurgia recente incluindo cirurgia colônica, urológica, procedimentos ginecológicos, bem como circuncisão neonatal, hemorróidas, fissura retal, episiotomia;
Imunossupressão;
Diabetes;
Cirrose;
Neutropenia;
Infecção por HIV.
Fasciíte necrotizante tipo I (polimicrobiana) pode ser nomeada de acordo a parte do corpo acometida, por exemplo, a Gangrena de Fournier, que acomete a região genital e perineal; pode ocorrer como resultado de uma lesão do trato gastrointestinal ou da mucosa perineal. A infecção começa subitamente, com dor intensa, e pode espalhar-se, também rapidamente, para a parede abdominal anterior e músculos da região glútea. Os homens são mais comumente afetados do que as mulheres. No homem, a Fasciíte necrotizante tipo I pode envolver a bolsa escrotal e pênis e, na mulher, os lábios genitais.
A Fasciíte Necrotizante tipo II (monocrobiana) é uma infecção grave, com início súbito e evolução progressiva, com alta mortalidade, e que acomete o tecido celular subcutâneo e a fáscia muscular.
A fasciíte necrotizante estreptocócica é uma infecção rara que, tipicamente, ocorre após trauma, queimaduras ou cirurgia; em 20% dos casos, contudo, nenhum trauma prévio pode ser identificado.
A Fasciíte necrotizante pode afetar qualquer parte do corpo, principalmente as extremidades, particularmente as pernas.
A coloração de Gram pode ser bastante informativa para determinar se a etiologia é do grupo Streptococcus A. Coletar material, sobretudo da fáscia e hemocultura. CT ou RNM podem detectar edema subcutâneo e fáscial ou gás tecidual. O tratamento primário da fasciíte necrotizante é a cirurgia imediata e antibioticoterapia adequada. Deve ser deixada a ferida aberta e reavaliada a cada 24/48 horas, até que todo tecido necrótico seja desbridado, e o tecidos adio seja exposto.
Nenhum ensaio clínico avaliou a duração da terapia na Fasciíte Necrotizante. As diretrizes sugerem a continuação dos antibióticos por um período mínimo de 48 a 72 horas após a resolução da febre e outros sinais sistêmicos de infecção, bem como a estabilização hemodinâmica.
A Fasciíte Necrotizante tipo II – casos que evoluam com sepse pode associar a imunoglobulina intravenosa, com a finalidade neutralizar os superantígenos estreptotoxinas A e B, como adjuvante a antibioticoterapia e debridamento.
Mionecrose Clostridiana é uma infecção necrotizante dos tecidos moles e pode ocorrer sem nenhum trauma prévio. Os Clostrídios implicados nessas infecções hematogênicas incluem C. septicum, C. tertium, C. perfringense, C. novyi. Tais infecções estão associadas à malignidade oculta, incluindo neoplasias hematológicas, tumores colorretais e neutropenia. História de trauma ou cirurgia pode preceder a infecção por Clostrídios, bem como queimaduras elétricas ou úlceras depressão e, ocasionalmente, os usuários de drogas injetáveis podem sofrê-la. Vale ressaltara importância do desbridamento das partes acometidas e da antibioticoterapia.