Conquista de um marco histórico. Assim foi comemorada nesta semana a criação da especialidade Odontologia Hospitalar entre os dentistas do Serviço de Odontologia e Cirurgia Bucomaxilofacial (SEOCB) do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).
A decisão ocorreu em assembleia do Conselho Federal de Odontologia e dos Conselhos Regionais de Odontologia realizada em Palmas (TO), com a aprovação unânime que elevou a Odontologia Hospitalar ao status de mais nova especialidade da Odontologia brasileira.
Desafio
Ao tomar conhecimento da novidade, os dentistas do SEOCB deram uma leve pausa em suas atividades nessa quarta-feira, dia 23, para festejar o marco histórico com um brinde improvisado por copinhos de água cheios de suco de uva.
“Essa conquista foi muito significativa”, exaltou a chefe do Serviço, Erika Maurienn. “Foi uma conquista que nós estávamos querendo alcançar há muito tempo”, completou, citando que, em junho passado, houve o primeiro simpósio sobre o tema no Distrito Federal.
Na ocasião, a formalização da nova especialidade foi um dos desafios do segmento incluídos na pauta do evento, que foi realizado no auditório do Centro Universitário de Brasília (UniCeub).
O evento foi realizado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), que administra o HRSM e mais 14 unidades de saúde, em associação com a Universidade de Brasília (UnB) e a Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs) .
Atendimento completo
“A Odontologia Hospitalar assegura uma visão geral do paciente”, reforçou a brasiliense Ana Paula Araújo, da equipe seis dentistas do SEOCB também participam do grupo as dentistas Amanda Muniz, Dryele Flores, Flávio Garcia, Nathália Maria e Verônica Lopes.
“A Odontologia Hospitalar deu uma contribuição no tratamento dos pacientes entubados durante a Covid”, reforçou Ana Paula. “A gente consegue oferecer qualidade de vida para o paciente mediante a avaliação do quadro clínico dele para determinar o tipo de tratamento, minimizando as dores e possíveis alterações”, acrescentou.
Entre essas alterações, a especialista citou a endocardite bacteriana, que infecciona as estruturas internas do coração. Em casos mais graves, há risco de morte. “A Odontologia Hospitalar é o atendimento do paciente como um todo”, completou a dentista, que está há um ano no HRSM, depois de ter feito residência multiprofissional em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Menos antibióticos
Desde 2016, destacou a dentista, a especialidade ganhou mais relevância, com a edição da Lei n.º 5.744, que tornou obrigatória a presença de dentistas em locais de internação de pacientes e nas UTIs na rede pública de saúde do Distrito Federal.
De acordo com o autor do projeto da lei, o hoje deputado federal Reginaldo Veras (DF-PV), a matéria assegura a presença de profissionais habilitados nos hospitais. Também possibilita a melhora do quadro clínico do paciente, além de reduzir os custos hospitalares com antibióticos de alto custo.
Sem retrocesso
Veja a manifestação da equipe do SEOCB sobre o novo marco histórico da Odontologia Hospitalar:
Saúde bucal: do consultório à UTI
Conheça a evolução da Odontologia Hospitalar no Brasil
“A atuação do cirurgião-dentista dentro dos hospitais já acontece há muito tempo nos serviços de emergência, ambulatório e Cirurgia Bucomaxilofacial. Com o passar dos anos, fez-se necessário o atendimento odontológico aos pacientes hospitalizados quando ficou entendido que a boca não está separada do corpo, que condições sistêmicas podem apresentar manifestações bucais e que a saúde bucal interfere e muito na saúde geral do paciente.
Dessa forma, a Odontologia foi expandindo a sua atuação dentro dos hospitais. Migramos do consultório odontológico para as UTIs, enfermarias e passamos a atender o paciente onde ele estiver, inclusive os que estão sob internação domiciliar. Pacientes sistemicamente comprometidos, que para atendê-los, foi necessário nos capacitar.
Surgiram então os cursos de capacitação e as residências uni e multiprofissionais. Tivemos que estudar medicina, farmácia, enfermagem, fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia e muito mais. Tivemos que aprender a lidar com os dispositivos de UTI, a atender pacientes em ventilação mecânica, a fazer evoluções completas e a conversar com a equipe multiprofissional. Afinal, nos tornamos parte dela.
Hoje a presença do cirurgião-dentista nos hospitais contribui muito na evolução do quadro clínico dos pacientes, pois promovemos saúde, conforto e qualidade de vida. E não há como retroceder. São muitos os desafios, mas as conquistas estão acontecendo.
Finalmente, depois de tantos anos de luta, nos tornamos uma especialidade. Sim, agora somos especialistas em Odontologia Hospitalar.”
