Cepav Flor do Cerrado presta atendimento às vítimas de violência doméstica de Santa Maria e Entorno

Cepav Flor do Cerrado presta atendimento às vítimas de violência doméstica de Santa Maria e Entorno

O serviço funciona dentro do HRSM e é destinado para crianças, adolescentes, mulheres adultas e idosos

Jurana Lopes

A violência contra mulher tem sido cada vez mais comum e recorrente no Distrito Federal. Quem sofre algum tipo de violência doméstica muitas vezes não sabe onde procurar ajuda. No entanto, pode contar com a rede de apoio voltada para esta finalidade nos serviços públicos de saúde. Trata-se dos Centros de Especialidade para Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual, Familiar e Doméstica (Cepav).

Unidade é referência no atendimento a vítimas de violência doméstica. Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

Moradoras de Santa Maria e Entorno podem procurar ajuda no Cepav Flor do Cerrado, localizado no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). A unidade oferta acompanhamento psicossocial com psicólogas, enfermeiras, assistente social e técnicas de enfermagem.

“Temos uma forma de acesso segura e sigilosa. Qualquer vítima de violência, seja ela física, sexual ou doméstica, fazemos o acolhimento e o acompanhamento psicossocial. Além disso, prestamos todas as orientações quanto ao sistema de proteção e segurança”, explica a chefe do Cepav Flor do Cerrado, Lara Borges.

Unidade trabalha diversos temas com vítimas de violência. Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

A unidade funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 12h e das 13h às 18h e possui atendimento de porta aberta, ou seja, não só pessoas com encaminhamento, mas, também, por demanda espontânea. Além disso, a unidade acolhe as próprias colaboradoras do HRSM que estejam sofrendo algum tipo de violência em seu âmbito familiar. O serviço é destinado para crianças, adolescentes, mulheres adultas e idosas.

Lara destaca número de atendimentos realizados na unidade. Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

Somente em 2023, o Cepav Flor do Cerrado ofertou um total de 4.669 atendimentos, sendo uma média de 52 novos casos por mês. Desse total, 225 casos foram de violência sexual e 155 de violência doméstica. A maioria das mulheres em situação de violência estão na faixa etária entre 18 e 59 anos.

“Todos os casos de violência doméstica, sexual ou familiar devem ser notificados. Por isso, estamos fazendo o treinamento com os profissionais de saúde para o devido preenchimento da ficha de notificação compulsória, disponibilizada em todos os setores do hospital. Assim, é possível fazer a busca ativa destas pacientes para realizar o acolhimento no Cepav”, informa a chefe do Cepav Flor do Cerrado.

Ficha de notificação compulsória. Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

Acompanhamento

A unidade costuma realizar atividades em grupos para todas as pessoas em situação de violência. As mulheres costumam ser acompanhadas por um período médio de um ano e meio, onde realizam consultas individuais com a equipe e participam do grupo de mulheres. São oito encontros quinzenais, onde são trabalhados diversos temas e abordadas várias questões envolvendo a temática da violência. Em alguns casos, os atendimentos são on-line ou por telefone.

“Depois deste primeiro grupo, essas mulheres começam o grupo de manutenção, que possuem quatro encontros, sendo um por mês. Só então recebem alta. Porém, temos alguns casos específicos que nos procuram depois disso, então elas ficam tendo o acompanhamento psicossocial individual, pois muitas vezes não conseguem romper com o ambiente de violência”, destaca a psicóloga Aline Silva.

Algumas vítimas continuam acompanhamento por mais de um ano e meio. Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

Segundo a profissional, a maioria das pessoas em situação de violência, principalmente as mulheres, buscam o espaço para falar, tendo em vista que a violência doméstica ainda é um tema repleto de tabu. Outras têm medo de falar e acham que devem manter segredo.

Mulheres são acompanhadas com acolhimento psicossocial. Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

“A ética e o sigilo da nossa profissão dão segurança para essas mulheres, que aos poucos, expressam seus sentimentos e emoções. Muitas vezes é necessário usar nossos instrumentais terapêuticos, pois ajudam a quebrar o gelo e a vencer a timidez, através de bonecos, figuras e outros recursos lúdicos que auxiliam na comunicação”, afirma. O grupo voltado para mulheres deste ano já começou em fevereiro e vai até maio.

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