A sazonalidade das doenças respiratórias está em alta e as crianças são quem mais sofrem neste período do ano. A consequência disso é a demanda expressiva de busca por atendimento médico nos prontos-socorros infantis.
Nos meses de janeiro a abril, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) notificou um total de 1.215 casos de síndromes respiratórias, entre graves e leves. Os dados são do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep Gripe) e do aplicativo E-Sus, compilados pela Vigilância Epidemiológica do HRSM.
Dentre as notificações das síndromes respiratórias graves, em janeiro foram registradas 42 casos, 24 em fevereiro, 67 em março e 158 em abril. Dentre elas, 274 crianças tiveram casos graves, o que representa 97% dos casos notificados, sendo 51% do sexo masculino e 49% feminino. Dos casos notificados por região, 55% é de moradores de Goiás e 45% do DF.
A chefe de Núcleo da Vigilância Epidemiológica do HRSM, Larysse Lima, explica que as Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) podem ser causadas por vários micro-organismos, como bactérias, vírus e fungos. “Esses vírus podem ser influenza, sincicial, adenovírus e rinovírus. A consequência são infecções das vias aéreas como as gripes e os resfriados, pneumonias e bronquiolites. E, desde 2020, com o início da pandemia de covid-19, existe a infecção respiratória causada pelo SARS-Cov-2”, explica.
A classificação final por agente etiológico ficou distribuída da seguinte forma: 3% SRAG influenza; 49% SRAG por outros vírus (Influenza, rinovírus sincicial e adenovírus); 26% SRAG por covid; 22% SRAG não especificado.
Pedro Ribeiro Bianchini, pediatra infectologista do HRSM, destaca que o aumento do número de casos a partir de janeiro é esperado devido à circulação de vírus com novas mutações sofridas no hemisfério norte e que chegam ao hemisfério sul geralmente no final do na, entre outubro e novembro.
“Entre os meses de janeiro e junho ocorre sempre o aumento da circulação dos vírus respiratórios. Por influência do período escolar, o pico acontece após o início do período letivo, geralmente meio de fevereiro ou início de março, mas já temos vírus circulando desde outubro/novembro e aumento de casos a partir de janeiro”, explica o médico.
Prevenção
Para evitar o contágio pelas síndromes respiratórias, principalmente a bronquiolite viral aguda (BVA), o especialista ressalta que as medidas de prevenção são as mesmas que são recomendadas e já foram difundidas com a pandemia causada pela Covid-19: lavagem de mãos, uso do álcool gel, uso de máscaras no contato com os recém-nascidos e crianças pequenas.
Bianchini destaca que, de forma geral, não são recomendados aos recém-nascidos visitas ou contato com outras pessoas por pelo menos até 3 meses de idade, isso incluindo parentes, amigos, ficando restrito o cuidado somente aos cuidadores.
“Isso também inclui frequentar ambientes fechados como, restaurantes, igrejas, shoppings, etc., idealmente até os seis meses. Além disso, sempre verificar com quem for visitar a presença de algum sintoma que indique qualquer adoecimento agudo. Ou seja, evita o contato do bebê com pessoas doentes”, destaca.
Segundo Bianchini, ser consultado mensalmente pelo pediatra nos primeiros meses de vida também é fator que ajuda e colabora com a saúde do recém-nascido, além da vacinação e do aleitamento materno. “Esse aumento de casos, infelizmente, ocorre dentro do esperado, pois ainda não há a imunidade adquirida via vacina ou adoecimento prévio para parte da população pediátrica”, explica.
Na avaliação do profissional, para o pediatra, este é um período muito desafiador, com grande número de crianças adoecidas e com muitos pacientes graves sendo internados.
O médico prevê como perspectiva futura e que deve fazer grande diferença, a vacina contra vírus sincicial respiratório (VSR), que está em estudos para imunizar gestantes e bebês. “Após os estudos comprovarem a segurança e eficácia nessa população. Se adotada pelo SUS, contribuirá significativamente para a redução dos casos, pois o VSR é o principal agente da bronquiolite nos menores de 1 ano de idade”, avalia.