Hospital de Base recebe debate sobre Atendimento Humanizado a Pacientes Autistas

Hospital de Base recebe debate sobre Atendimento Humanizado a Pacientes Autistas

Discussão teve a participação de especialistas da área no Distrito Federal

por Bruno Laganá

Evento Educa Em Ação: Atendimento humanizado a pacientes autistas fez sucesso com os participantes. Créditos: Alberto Ruy/IgesDF

O auditório do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) recebeu, nesta segunda-feira (27), o debate Educa Em Ação: Atendimento Humanizado a Pacientes Autistas. O objetivo é promover práticas que assegurem um acolhimento adequado e respeitoso às necessidades específicas de pacientes neurodivergentes, com ações elaboradas para a inclusão e ao cuidado humanizado desse público.

A iniciativa fez parte do projeto Educa em Ação, desenvolvido pelo Núcleo de Educação Permanente, da Diretoria de Inovação, Ensino e Pesquisa (DIEP) do IgesDF, visando promover eventos mensais que abordem temas relacionados à inclusão. A iniciativa busca capacitar e sensibilizar os profissionais de saúde para práticas mais inclusivas e humanizadas no cuidado aos pacientes.

O debate contou com a presença de especialistas na área como a Dra. Ellen de Souza Siqueira, médica neuropediatra e especialista em autismo e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH); o Dr. Amilton Cabral Júnior, médico do trabalho no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) e pai de criança neurodivergente; o Dr. Diego Sindeaux Figueira, cirurgião-dentista especialista no atendimento a pacientes com deficiência no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM); e Suyenne Figueiredo, fisioterapeuta no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) e especialista em Neuropediatria e Análise do Comportamento Aplicada (ABA).

O Dr Diego abriu a apresentação falando sobre o trabalho desenvolvido no HRSM e contou sobre os desafios no atendimento e sobre como é importante conhecer cada paciente e sua família antes que seja possível iniciar o tratamento. “Cada paciente possui uma especificidade. Tivemos caso de só conseguir realizar algum procedimento na criança depois do oitavo encontro”, ressaltou, exemplificando a dificuldade.

Diego falou também sobre a evolução do atendimento odontológico a esse grupo de pacientes no Distrito Federal. “Em 2024, em todo o DF, incluindo o serviço de saúde privado e público, foram realizados 128 atendimentos a pacientes dentro do espectro autista ou com algum tipo de deficiência. Desses atendimentos, 61 foram realizados no Hospital Regional de Santa Maria”, lembrou.

Segundo a neuropediatra Ellen Siqueira todos os profissionais de saúde vão precisar aprender a atender pacientes com TEA. Créditos: Alberto Ruy/IgesDF

Em seguida, a neuropediatra Ellen falou sobre a urgente necessidade de que os profissionais aprendam a atender de maneira mais humanizada os pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Todo mundo vai ter que saber como lidar com esses pacientes”, disse. Ela apresentou estudos de casos e contou sobre como esses pacientes possuem a tendência de ficar mais agitados quando internados.

Ellen falou que estudos mostram que procedimentos simples e frequentes em pacientes neurodivergentes já possuem uma maior complexidade e deu dicas de como é possível melhorar o atendimento. “Conversar com a família, conhecer a unidade hospitalar com antecedência, melhorar as acomodações sensoriais e flexibilizar regras são fundamentais para um atendimento mais humanizado deste público”, disse.

Já o Dr Amilton Cabral Júnior falou sobre os desafios que envolvem a inserção da pessoa neurodivergente no mercado de trabalho e sobre a resistência que existe por parte dos departamentos de recursos humanos das empresas ao contratar esses profissionais. “É necessário entender as necessidades e adaptar o ambiente de trabalho para que seja proveitoso tanto para o profissional com TEA quanto para a empresa”, disse.

Suyenne Figueiredo falou sobre o método Snoelezen que é uma abordagem de estimulação multissensorial buscando promover o relaxamento, o bem-estar e o desenvolvimento global das pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Ela falou também sobre ambientes com salas multissensoriais onde o paciente pode se acalmar com o uso de luzes, sons e aromas. “É necessário que os gestores criem estratégias e pensem na construção de salas sensoriais, para que a internação de pacientes autistas seja mais tranquila”, declarou.

Suyenne Figueiredo falou sobre o método Snoelezen, uma abordagem de estimulação multissensorial. Créditos: Alberto Ruy/IgesDF

Humanização é o caminho para o sucesso

Outro profissional convidado para palestrar e falar sobre a sua experiência lidando com o acolhimento de pessoas com TEA foi Vinícius Reis, o Tio Vini. Musicalizador infantil, e há 4 anos na área clínica com foco em saúde mental infantil, Vinicius trouxe informações sobre o atendimento humanizado. “Todo tratamento humanizado começa entendendo que pessoas com deficiências são pessoas”, disse.

Segundo a Chefe do Núcleo de Educação Permanente, Ana Paula Lustosa, lidar com essas particularidades exige conhecimento técnico, sensibilidade e empatia. “Meu objetivo ao propor este evento foi proporcionar aos profissionais uma visão mais ampla e capacitações práticas que impactem diretamente na qualidade do atendimento. É gratificante ver tantos colegas engajados e comprometidos em fazer a diferença”, disse.

Já a Superintendente da DIEP, Camilla Lombardi comemorou a realização do evento com um tema tão essencial. “Fico extremamente feliz com a adesão de tantos profissionais comprometidos em aprimorar suas práticas. Recebemos diversos feedbacks de participantes externos, incluindo servidores da Secretaria de Saúde do DF e outros órgãos públicos, elogiando a iniciativa e a qualidade da capacitação. Juntos, estamos promovendo um ambiente de saúde mais acolhedor e inclusivo”, completou.

Emanuela Ferraz, Diretora da DIEP, ressaltou a importância do tema e da realização de eventos como o Educa em Ação. “Ao abordar temas de extrema importância como o atendimento humanizado a pacientes autistas, reafirmamos o papel da diretoria em promover educação permanente e capacitação de qualidade para os profissionais de saúde. Estamos empenhados em continuar promovendo ações que fazem a diferença na vida de nossos pacientes e colaboradores”, finalizou.

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