Com a finalidade de capacitar seus colaboradores, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) realiza, semanalmente, vários treinamentos e capacitações em suas unidades. Nesta segunda-feira (24), o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) promoveu o curso “Envelhecimento e Saúde Mental: Caminhos para Inclusão e Apoio Familiar”, destinado tanto a profissionais de saúde internos quanto externos interessados no tema.
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O curso busca promover uma discussão relevante e atual, destacando a importância da afirmação da dignidade da pessoa idosa. A proposta é desenvolver habilidades nos profissionais de saúde do SUS para identificar, prevenir e intervir em situações que impactam o bem-estar mental dos idosos, com enfoque na construção de redes de suporte que articulem família, comunidade e a intersetorialidade de políticas públicas, assegurando um cuidado integral, inclusivo e humanizado.
A capacitação foi promovida pela Diretoria de Inovação, Ensino e Pesquisa (DIEP) e ministrada pela assistente social especialista em saúde mental do adulto, Beatriz Liarte. Entre os temas abordados, estavam as principais doenças mentais que afetam os idosos, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e demência.
Além disso, o curso destacou a necessidade de uma abordagem psicossocial, considerando fatores como humor, cognição, memória e transtornos mentais. Foi ressaltado que os adoecimentos psíquicos mais prevalentes entre os idosos são ansiedade, estresse e sintomas depressivos ou depressão. Também foi abordado o tema da violência doméstica contra os idosos, que pode se manifestar de diferentes formas, incluindo violência física, psicológica, negligência, abandono, além de violência financeira e institucional.
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Segundo a assistente social, o uso de novas tecnologias pode ser bastante benéfico para os idosos em determinados contextos. “Quando falamos sobre o avanço da tecnologia, algumas literaturas são contrárias, argumentando que os idosos tendem a se isolar mais, o que pode agravar quadros de depressão ou ansiedade. No entanto, temos observado casos de pessoas que moram em regiões remotas, onde antes não havia nem energia elétrica, e agora conseguem se comunicar com familiares que vivem no exterior. Isso proporciona companhia, acesso à informação e conexão com o mundo. As mudanças podem ser tanto para pior quanto para melhor, mas, sem dúvida, o direito à informação tem sido muito mais facilitado pelo avanço tecnológico”, explica Beatriz.
A especialista ressalta que o curso teve como objetivo desconstruir o estigma de que a pessoa idosa não tem autonomia e precisa, necessariamente, da ajuda de terceiros. “Muitas vezes, esse idoso é independente e tem boas condições de saúde mental. O suporte familiar e comunitário, assim como a disponibilidade de serviços, são essenciais. Além disso, os profissionais de saúde devem estar atentos para identificar sinais de violência, adoecimento psíquico e transtornos mentais durante o atendimento”, enfatiza.
Por fim, Beatriz destaca a importância de uma mudança cultural em relação ao envelhecimento. “Não temos o hábito de falar sobre a velhice e de preparar as pessoas para essa fase da vida. O envelhecimento envolve perdas e muitas mudanças, incluindo possíveis adoecimentos físicos, e é fundamental considerar a dimensão psicossocial. Não basta falar apenas de família, transtornos e doenças se não avaliarmos tudo o que cerca esse idoso”, conclui.