Dia de despedidas para pacientes e profissionais que durante cinco meses enfrentaram a Covid-19
Música, abraços, risos e choro. Foi nesse clima de emoção que o Governo do Distrito Federal fechou, nesta quinta-feira (15), o Hospital de Campanha do Estádio Nacional Mané Garrincha (HCMG). O fechamento do hospital marca o início da execução do Plano de Desmobilização de Leitos da Covid-19, anunciado no último dia 9 pelo secretário de Saúde, Osnei Okumoto.
Foi um dia de despedidas. Despedida para os três últimos pacientes e também para o batalhão de quase 800 profissionais que, durante seis meses, estiveram na linha de frente para salvar vidas. Ainda pela manhã, deixou o hospital o paciente Francisco Isidoro do Carmo. À tarde, mais duas receberam alta: Marluce de Carvalho, de 61 anos, e Helena Elvira de Lima Santos, de 63 anos.
Moradora de São Sebastião, Marluce é diabética. Pegou o vírus, ficou internada sete dias na Unidade de Pronto Atendimento de São Sebastião e outros sete no Mané Garrincha. “Na UPA, ela piorou; no hospital, nos últimos dois dias ela reagiu e hoje recebeu alta”, contou emocionado Marcio Wendel Carvalho Marinho, filho de Marluce.
Mãe e filho deixaram o hospital sob aplausos. Atrás deles, saíram os últimos membros da enorme equipe de profissionais que lutou pela vida de homens e mulheres que passaram pelo Mané Garrincha. Entre eles, estava fisioterapeuta Flávia de Faria, que trabalhou no hospital desde que ele foi aberto. “Eu tenho 23 anos de vida hospitalar e nunca vivi uma coisa dessas”, relatou aos prantos, despedindo-se dos colegas.
Enquanto os portões do hospital eram fechados ao som de músicos do Corpo de Bombeiros do DF, 1.787 balões subiram ao ar representando o número de pacientes salvos, e aos profissionais que atuaram contra o novo coronavírus.
A cerimônia do fechamento simbólico do hospital foi presidida pelo secretário de Saúde, Osnei Okumoto. Também emocionado, Okumoto declarou que o hospital de campanha cumpriu sua missão num momento em que a população do Distrito Federal mais precisava.
Ele agradeceu aos profissionais que atuaram no Mané Garrincha e parabenizou os pacientes lá atendidos. “São vitórias exemplares dentro de uma arena de competição”, ressaltou. “Aqui não vai ficar só um legado para a Saúde do Distrito Federal, mas também um trabalho importante para o conhecimento dessa nova doença”.
O evento foi prestigiado ainda secretário adjunto de Assistência à Saúde, Petrus Sanchez, além do procurador de Justiça do Ministério Público do DF, e Territórios e coordenador da força-tarefa contra a Covid-19, José Eduardo Sabo Paes, e do presidente da Arena BSB, Richard Dubois.
Histórico
O Hospital de Campanha Mané Garrincha abriu as portas no dia 22 de maio. Durante o tempo em que ficou aberto recebeu mais de 1,8 mil doentes com Covid-19, dos quais 1.787 voltaram para suas famílias e 32 não resistiram à doença.
Eles foram atendidos por um batalhão de dedicados profissionais, entre eles 129 médicos e 647 enfermeiros, além de técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas e profissionais administrativos não-assistenciais que atuaram na logística, transporte, alimentação e segurança.
O HCMG foi equipado com 197 leitos, sendo 173 de enfermaria para adultos, 20 de suporte avançado e quatro de emergência. Todo mobiliário e equipamentos irão integrar o patrimônio da Secretaria de Saúde, que usará esse material para atender pacientes com outras enfermidades nas diversas unidades da rede pública do DF.