No dia 11 de abril, comemora-se o Dia do Infectologista. O médico infectologista Julival Ribeiro, coordenador do Núcleo de Controle de Infecções do Hospital de Base, destaca a importância do trabalho desses profissionais nas unidades de saúde e fala sobre o Programa de Uso Racional de Microbianos implementado no Hospital de Base.
Por que o Dia do Infectologista é comemorado em 11 de abril?
Julival Ribeiro: Comemoramos hoje o Dia do Infectologista, data criada pela Sociedade Brasileira de Infectologia, em homenagem ao aniversário do renomado médico Emílio Ribas, que dá nome a um dos principais institutos de infectologia do Brasil, em São Paulo, e é o criador do Instituto Butantan.
Qual a importância e a principal atuação do infectologista dentro de uma unidade hospitalar?
Julival Ribeiro: Hoje, em especial, parabenizo a todos os colegas infectologistas. É uma profissão de grande relevância. A Infectologia é uma especialidade da Medicina que tem por objetivo estudar, diagnosticar e tratar as doenças em condições médicas causadas por um agente etiológico, ou seja, que podem causar doenças – como vírus, fungos, bactérias e protozoários. O médico infectologista é muito requisitado, pois atua em casos de simples resfriados ou de doenças como sarampo, meningite e HIV. Na pandemia da Covid-19, os infectologistas desempenharam papel fundamental, no Brasil e no mundo, cuidando dos pacientes e ainda combatendo as fake news. O infectologista atua com outros membros da equipe na prevenção e no combate e controle das infecções, assim como na elaboração de protocolos.
O Hospital de Base desenvolveu o Programa de Uso Racional de Microbianos. Qual a importância disso?
Julival Ribeiro: A resistência microbiana ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas mudam com o tempo e não respondem mais aos medicamentos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é uma preocupação crescente e de um dos dez maiores problemas de saúde pública atualmente. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância (Anvisa), todas as unidades hospitalares precisam ter um rígido controle para a prescrição de antimicrobianos, que são os antibióticos. Daí a importância do Programa de Uso Racional de Microbianos que implementamos no Hospital de Base.
Como funciona o programa?
Julival Ribeiro: O sistema sinaliza quando está sendo feita a prescrição de um antibiótico dentro da unidade hospitalar. Um médico infectologista analisa o caso, onde constam todas as informações sobre o paciente, e faz uma espécie de checagem, para avaliar a real necessidade da prescrição e também a adequação da dosagem e período de uso. O programa também engloba o apoio aos médicos prescritores, para melhor escolha e ajustes na prescrição dos antibióticos. Todas as informações ficam registradas no prontuário do paciente. O programa já é considerado um modelo, que poderá servir de exemplo para ouras unidades hospitalares do País. O maior benefício do programa é a prescrição correta de antibióticos, algo tão importante para o paciente e também para a saúde pública como um todo, conforme recomendam a OMS e a Anvisa.
Já é possível apontar avanços obtidos graças ao programa?
Julival Ribeiro: O programa já promoveu a redução da média de dias de uso de antibióticos. A média era de 14 dias de uso e atualmente é de sete dias. Antimicrobianos muito usados estão se tornando ineficazes, gerando uma série de consequências diretas e indiretas como, por exemplo, o prolongamento da doença, o aumento da taxa de mortalidade, a permanência prolongada no ambiente hospitalar e a ineficácia dos tratamentos preventivos que comprometem toda a população. Além dos vários benefícios do programa, há ainda a consequente redução de gastos pela unidade hospitalar – pela otimização no uso de antibióticos e diminuição de tempo de internação.
E quais as nossas expectativas? O programa será ampliado para outras unidades do IgesDF?
Julival Ribeiro: Atualmente o programa abarca 60% do Hospital de Base. O objetivo é que ele seja, sim, implementado em 100% de todas as unidades do IgesDF.