Febre, emagrecimento, perda de apetite, fraqueza, manchas na pele como lesões avermelhadas na maçãs do rosto e dorso do nariz, dor e inchaço na articulações das mãos são alguns dos sintomas do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), doença inflamatória crônica de origem autoimune. Além disso, inflamações renais e na pleura, e hipertensão são sintomas silenciosos.
É uma doença rara, incidindo, mais frequentemente, em mulheres jovens, ou seja, na fase reprodutiva, na proporção de nove a dez mulheres para um homem, e com prevalência variando de 14 a 50/100.000 habitantes, em estudos norte-americanos. A doença pode ocorrer em todas as raças e em todas as partes do mundo. O tratamento é fundamental para o controle da doença e para minimizar as consequências, que podem causa comprometimento articular, hematológico, cardíaco, pulmonar, neuropsiquiátrico e renal.
Em 2017, a doença atingia cerca de 65 mil brasileiros, segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), dividida em dois tipos principais: o cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas), principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar; e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos.
Dados do Ministério da Saúde apontam que a mortalidade dos pacientes com LES é cerca de 3 a 5 vezes maior do que a da população geral e está relacionada à atividade inflamatória da doença, especialmente quando há acometimento renal e do sistema nervoso central (SNC). De acordo com um estudo epidemiológico realizado na região Nordeste, no Brasil, estima-se uma incidência de LES em torno de 8,7 casos para cada 100.000 pessoas por ano.
Roberto Júnior, chefe do serviço da reumatologia do HBDF, onde são tratados pacientes com LES, explica que para o diagnóstico são imprescindíveis a realização de anamnese e exames físicos e laboratoriais, e que o diagnóstico é obtido a partir da presença de pelo menos 4 dos 11 critérios de classificação, em qualquer momento da vida dos pacientes, propostos pelo American College of Rheumatology (ACR) em 1982 e revisados em 1997. No Hospital de Base, um quarto dos atendimentos da reumatologia são para pacientes com LES, ou seja, em 2022, 2728 pacientes com Lúpus foram atendidos na unidade.
O especialista esclarece ainda que o tratamento é individualizado, “o tratamento da pessoa com Les depende do tipo de manifestação apresentada, e dependendo do caso são necessários mais de um medicamento na fase ativa da doença, e poucos ou até nenhum medicamento em fases não ativas ou de remissão”. De todo modo o acompanhamento e a regulação imunológica são importantes, além da manutenção de níveis alterados como hipertensão e inchaços em decorrência do Lupus, “a doença pode acometer diversos órgãos e sistemas e precisamos estar atentos aos sintomas e por isso torna-se imprescindível o acompanhamento” esclarece.
O Hospital Regional de Santa Maria também realiza o tratamento de LES. Em 2022 o serviço de reumatologia realizou 1.792 atendimentos.
Fotoproteção – Roberto Júnior alerta para a necessidade de fotoproteção, “considerando que a radiação ultravioleta B é a principal causadora de fotossensibilidade e desencadeante das lesões cutâneas, protetores solares com FPS de, no mínimo, 15 devem ser utilizados em quantidade generosa pela manhã e reaplicados mais de uma vez ao dia”, explicou.