Ambulatório PCD de Odontologia do HRSM possui profissionais especializados para tratar pacientes com Transtorno do Espectro Autista

Ambulatório PCD de Odontologia do HRSM possui profissionais especializados para tratar pacientes com Transtorno do Espectro Autista

Entre 30% e 50% dos atendimentos são em pessoas com autismo

Jurana Lopes

Nesta terça-feira (2) é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A data foi criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo é promover conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), bem como sobre as necessidades e os direitos das pessoas autistas. O autismo é uma condição de saúde relacionada ao desenvolvimento do cérebro e afeta aspectos da comunicação, linguagem, comportamento e interação social.

Hoje, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) conta com um ambulatório de odontologia PCD, exclusivo para pessoas com deficiência. São pacientes que precisam de um cuidado bem maior na hora do atendimento. Cerca de 30% a 50% dos pacientes são autistas, alguns com deficiência múltipla.

Entre 30% e 50% dos pacientes do ambulatório PCD possuem TEA. Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

“No paciente com TEA o desafio é grande. Muitos deles têm hipersensibilidade a som, luz, toque e sabor, que são coisas que temos numa grande intensidade durante o tratamento odontológico. Por isso, é necessário ter um profissional específico para o atendimento a pacientes com deficiência, especialmente TEA”, explica o dentista do ambulatório PCD, Diego Sindeaux Figueira.

No HRSM são realizados atendimentos em ambulatório e também atendimento hospitalar para esse público. Em pacientes em que o manejo em ambulatório não é possível, o tratamento é feito sob anestesia geral ou sedação em ambiente de centro cirúrgico.

“O tratamento é delicado e exige tempo e cuidado mais específico devido às particularidades desses pacientes. A hipersensibilidade, a quebra de rotina e a dificuldade de comunicação tem que tentar ser driblada pelos profissionais. Isso leva tempo e técnica. Por isso, a necessidade de um profissional especializado”, destaca o dentista.

Equipe é especializada no atendimento de pacientes com necessidades especiais. Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

Segundo Figueira, muitos pacientes com deficiência conseguem fazer seu atendimento na atenção básica, pois possuem um manejo mais fácil ou nem precisam de manejo. Já no Transtorno do Espectro Autista essa não é a regra, porque grande parte deles precisam ser encaminhados para o ambulatório. O atendimento é feito através de encaminhamento via regulação de outras unidades ou casos que cheguem até o pronto-socorro odontológico do HRSM. O ambulatório PCD funciona às quartas, quintas e sextas.

A seletividade alimentar é um fator determinante em alguns autistas. Como muitos pacientes possuem essa condição para alimentos doces, são mais propensos a desenvolverem cáries. Outros pacientes já não comem doces e daí têm até um fator de proteção contra a cárie.

“Alguns pacientes autistas possuem resistência em fazer a higiene bucal, outros não. Então, cada caso é um caso e é essencial disponibilizar cuidados específicos e de forma individualizada e humanizada para atender às necessidades odontológicas de pacientes com condições especiais”, enfatiza.

Maioria dos pacientes autistas têm hipersensibilidade a som, luz, toque e sabor, o que tem muita intensidade no tratamento odontológico. Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

Evento

Para tratar do tema, a equipe de Odontologia vai promover, na próxima sexta-feira (5), às 8h, no auditório do HRSM, um encontro sobre Atendimento humanizado ao paciente com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“Será um momento reflexivo em que vamos discutir como é o atendimento humanizado. Por isso, vamos trazer uma médica convidada especialista neste tipo de atendimento para repassar sua experiência e debater possibilidades. Queremos identificar o que pode melhorar ainda mais no serviço que já ofertamos”, explica a cirurgiã-dentista intensivista, Ana Paula Araújo.

De acordo com ela, algumas vezes é necessário encaixar os pacientes com TEA em tratamentos mais urgentes. Outras vezes tem que levar o paciente para o centro cirúrgico e fazer todo um planejamento de tratamento, que engloba o estudo de caso com toda a equipe de Odontologia.

Além da palestra com a especialista em atendimento TEA haverá o relato da mãe de um paciente atendido no ambulatório PCD e discussão de casos.

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