Após a pandemia, voluntários voltam a cantar e ampliar contato com os pacientes no HBDF

Após a pandemia, voluntários voltam a cantar e ampliar contato com os pacientes no HBDF

Integrantes da Rede Feminina contra o câncer já não usam máscara em áreas de menor risco e dão mais carinho aos usuários

Abnor Gondim

Os voluntários da Rede Feminina de Combate ao Câncer vem ganhando novo impulso para atender usuários e acompanhantes no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Há uma semana voltaram a cantar sem máscara nas áreas de menor risco e há um mês promovem reúnem até 150 pessoas, entre internos e voluntários, aproveitando o fim das restrições impostas pela pandemia do coronavírus nos últimos três anos.

Na quinta-feira passada (1º), houve um encontro às 19h com a distribuição de lanches ao som de manifestações de apoio e da voz e do violão da aposentada portuguesa Maria Isabel Teles, 63 anos, uma animada militante da causa de fazer o bem. “Estou muito feliz porque há oito dias estou cantando sem máscara, o que protege, mas faz a gente suar muito e dificulta o canto”, comemorou.

Opinião e situação semelhantes enfrenta Iraci Francisca dos Santos, 49 anos, voluntária da Rede desde 2019 e também paciente oncológica. Desde 2017, luta contra o câncer nos seios. Ela acompanha a voluntária portuguesa nas suas incursões de musicoterapia pelas unidades do HBDF. “Me deram um ano de vida e já estou com sete anos”, ressaltou Iraci.

O sinal verde para a dispensa do uso da máscara pelos voluntários foi dado pelo próprio hospital, depois que a própria OMS (Organização Mundial de Saúde) deixou de considerar os casos de coronavírus como uma pandemia. Mas cabe a cada um avaliar se é recomendável usar a máscara, como decisão pessoal, exceto nas áreas de pacientes com baixa imunidade que podem ser prejudicados, como nas enfermarias.

Exemplo de ser

O retorno das atividades dos voluntários de forma mais intensa acalenta uma das pacientes mais especiais, a coordenadora da Rede Feminina de Combate ao Câncer no Hospital de Base, Vera Lúcia Bezerra da Silva, 56 anos, chamada carinhosamente de Verinha. Ela própria é paciente oncológica há 30 anos e é também conselheira de saúde e representante dos pacientes.

“É muito importante a presença dos voluntários dentro do hospital. Eles são o alívio de quem está ali, enfermo, na cama. Quem leva a música, como a Isa canta no ambulatório, aos pacientes oncológicos, nas UTIs, no pronto- socorro, é um exemplo de ser humano que deve ser seguido”, enalteceu a colega de missão.

Verinha desenvolveu câncer de rim e depois uma metástase do pulmão que está tratando sem perder a esperança de cuidar de si e dos outros. “Sou paciente e minha luta é a do paciente. Onde existe um ser humano que esteja precisando, é imprescindível a ajuda de quem puder ajudar”, recomendou.

Mais voluntários

Ao todo, disse a coordenadora, outros três grupos de voluntários estão reforçando as atividades no Hospital de Base para dar mais carinho aos enfermos, principalmente nas áreas de menor risco. Isso acontece não somente com a Rede Feminina, mas também com os voluntários do Movimento de Apoio de Pacientes com Câncer (MAC), do Serviço Auxiliar de Voluntário (SAV) e da Associação dos Amigos do Hospital de Base.

“São quatro instituições que, juntas, procuram levar o melhor ao paciente que passa por dificuldade naquele momento”, avaliou Verinha, sempre confiante nos efeitos benéficos da musicoterapia. “A musica transforma o íntimo e a alma. É um diferencial que fortalece o espírito e traz o melhor que cada um tem para doar a quem mais necessita”, sintetizou.

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