Cai o estoque de leite materno no Hospital de Santa Maria

Cai o estoque de leite materno no Hospital de Santa Maria

Por causa da pandemia, a coleta diminuiu, e a quantidade armazenada está 22% abaixo do necessário para atender os bebês

Thaís Umbelino

Com os estoques do leite materno em 22% abaixo do recomendado, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), se esforça para atender a média diária de 30 bebês internados na Unidade de Neonatologia. O principal desafio tem sido conscientizar as doadoras contra o medo e a insegurança diante da segunda onda do coronavírus.

Estoque de leite materno no HRSM precisa de reforço

“Hoje contamos com 142 litros disponíveis, sendo que, para manter os estoques estáveis, deveríamos dispor de 180 litros”, relata a nutricionista Luhana Roque, do Banco de Leite Humano do HRSM. O cálculo é feito de acordo com a demanda média dos recém-nascidos que recebem leitos no hospital.

Outro indicador de queda está no comparativo entre o primeiro trimestre de 2020 com o deste ano. Os números de janeiro a 23 de março mostram uma baixa de 8% de leite nos estoques (de 328 litros em 2020 para 304 litros em 2021). Essa quantidade diminui ainda mais após a pasteurização do leite — processo de limpeza para retirada de elementos como cabelo, detritos e odores do líquido. Dos 304 litros coletados neste ano, por exemplo, 246 litros foram realmente aproveitados para a amamentação dos bebês.

Apesar da redução nos estoques, a equipe do HRSM percebeu uma maior confiança das doadoras ativas, que alcança a faixa de 90 mulheres atualmente. Isso se deve ao processo de conscientização e prevenção contra a covid-19, acreditam os profissionais da unidade de saúde.

“Tivemos uma perda menor de mães doadoras devido ao trabalho desempenhado pelo Banco de Leite Humano do HRSM por meio de educação sobre a importância da coleta adequada, o uso de toucas e máscaras no momento da ordenha e o local apropriado para retirar e armazenar”, avalia Luhana. “Mesmo assim, é necessária a ajuda de mais pessoas para atingirmos nossa meta mensal.”

Suporte para quem precisa

Toda mulher saudável e em período de amamentação é uma potencial doadora de leite materno, independentemente da idade da criança. Quem quiser doar deve ligar para o telefone 160, opção 4, ou acessar o site Amamenta Brasília e se inscrever.  As mães também podem fazer a doação diretamente no Banco de Leito do HRSM. 

Depois disso, as equipes do Banco de Leite Humano do Hospital de Santa Maria recebem o cadastro de moradoras da região e entram em contato para agendar a visita de funcionários do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), responsáveis pela coleta.

Um kit com máscara, gorro, panfleto e frasco com etiquetas chega à casa da doadora cadastrada. “A coleta é feita na própria residência, em recipientes de vidro com tampas de plástico de enroscar e devidamente higienizados”, informa a nutricionista Luhana Roque. A cada semana, os militares fazem uma visita para pegar o leite das doadoras e o transportam ao HRSM.

O alimento atende bebês prematuros ou de baixo peso, que não conseguem sugar o peito das mães, além daqueles recém-nascidos com imunodeficiência ou com alergia a proteínas, com enteroinfecções (um tipo de infecção intestinal) ou com deficiências nutritivas. “A quantidade de leite necessária depende do tempo de vida, levando em consideração a capacidade gástrica da criança, bem como as condições clínicas dela”, explica Luhana.

O banco de leite do hospital também oferece apoio para quem tem dificuldades para amamentar. “Esse suporte é feito pela equipe multiprofissional do Banco de Leite, que ensina às puérperas técnicas para estímulo de produção, ordenha e amamentação”, esclarece a nutricionista.

Bancos de Leite no DF

Além do Hospital Regional de Santa Maria, o Distrito Federal conta com bancos de leite nos hospitais Materno Infantil de Brasília (Hmib), da Asa Norte (Hran), de Sobradinho (HRS), de Samambaia (HRSam), de Brazlândia (HRBraz), de Ceilândia (HRC), do Guará (HRG), de Taguatinga (HRT), de Planaltina (HRP), Leste, do Paranoá (HRL), além da policlínica do Riacho Fundo I e do posto de coleta de São Sebastião.

Edição: Marina Mercante

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