Buscando humanizar o atendimento e oferecer acolhimento para os familiares de pacientes que vão a óbito, a equipe de Psicologia do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) criou uma carta de condolências para a família, que tem a finalidade de dar um pouco de consolo através das palavras, reduzir um pouco da dor e ajudar no processo de luto.
A ideia das cartas de condolências surgiu na época da pandemia, tendo em vista que as famílias não podiam ter acesso aos pacientes que faleciam e passavam por um processo de despedida bastante doloroso. O projeto iniciou-se na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e depois se espalhou por outros setores do hospital.
“Enviamos a carta de condolências sete dias após o óbito e decidimos continuar com o envio mesmo depois do término da pandemia. Ao todo, já produzimos mais de 850 cartas de condolências somente aqui na UTI”, explica o psicólogo Leonardo Santana.
Segundo ele, é perceptível que as famílias se sentem amparadas e acolhidas com a mensagem e com isso, conseguem fazer um diagnóstico de familiares que estão com muita dificuldade em lidar com a perda e o processo do luto. Dessa maneira, a equipe de Psicologia consegue fazer a orientação correta de onde buscar auxílio psicológico e quais os locais de atendimento.
A psicóloga Larissa Santos destaca que é uma forma humanizada que a equipe da UTI possui de acolher a dor das famílias e ampará-las na hora do luto. “Eles criam um pouco de vínculo com a equipe hospitalar e quando ocorre o óbito isso também é quebrado. Então, a carta de condolências também significa o encerramento de um ciclo, dessa ligação com a equipe assistencial. É uma forma humanizada de cuidado.”
“Eu acho que eles ficam até surpresos de receberem, sete dias depois, alguma notícia aqui da gente do hospital e eles sentem isso. É uma forma de cuidado”, completa Leonardo.
Atualmente, a equipe de Psicologia da UTI do HRSM possui cinco profissionais que se revezam nos plantões diariamente. Após receber o feedback dos familiares depois do envio das cartas de condolências eles também repassam essas percepções da família para os outros membros da equipe multidisciplinar, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem e demais profissionais que tiveram contato direto com o paciente.
“É bom ter esse retorno por parte deles, porque também conseguimos saber como é o processo de luto de cada família e quais as pessoas que necessitam de um cuidado maior”, afirma a também psicóloga da UTI, Alane de Lima.
Geralmente, a equipe de Psicologia está presente em todos os momentos em que a equipe médica vai comunicar o óbito de algum paciente, além de auxiliar também nos casos em que o paciente é um possível doador de órgãos e a família é informada.