Evitar mortes de fetos e crianças e apontar melhorias no serviço de saúde pública. Essa é a missão do Comitê de Prevenção e Controle de Óbito Materno Fetal e Infantil do Hospital de Santa Maria (HRSM). Com objetivo preventivo, o grupo investigou 66 óbitos de fetos (gestação acima de 22 semanas) e infantis (crianças até 1 ano de vida), contabilizados de 2019 a 2020 no HRSM. Foi constatado que as principais causas de morte estão interligadas a problemas de saúde da mãe, como hipertensão e infecções, e a malformações do feto.
“Por essa discussão, verificamos possíveis falhas durante o processo de gestação e propusemos soluções e/ou adequações para que casos semelhantes não ocorram”, explica o coordenador do comitê, Rodrigo Dutra Milholi.
A pesquisa do comitê de óbitos infantis no HRSM não tem objetivo punitivo ou investigativo, segundo o coordenador Rodrigo. Ela é realizada pelos representantes do hospital em parceria com a Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde (SES), por meio de uma coleta de dados, dividida em três etapas:
• Análise ambulatorial, a partir de dados do pré-natal da grávida
• Análise hospitalar, pelos dados do prontuário
• Consulta domiciliar
“Depois dessas investigações, a gente reúne o comitê e discute se houve falhas. Se sim, verifica-se o que poderia ter evitado o óbito”, comenta o médico.
A recomendação é que o estudo comece em 120 dias da data de cada óbito. Durante a reunião, registrada em ata, é exigido que se tenha pelo menos um ginecologista, um neonatologista e um representante da atenção primária para avaliar os protocolos e as necessidades de cada situação.
Ao fim da análise, o documento é encaminhado para a SES, para registro no sistema. “A conclusão da investigação, porém, não altera o dado registrado na causa da morte emitida na certidão de óbito da vítima”, explica. “Os dados que apuramos servem exclusivamente para apontar o que podemos melhorar no serviço de saúde”, acrescenta Rodrigo Milholi.
Óbitos maternos
Além dos óbitos fetais e infantis, o comitê investiga a causa de morte de mulheres em idade fértil até 49 anos. “O objetivo é verificar se houve algum óbito materno camuflado”, explica o coordenador.
De 2019 a 2020, o grupo averiguou que, dos 26 óbitos registrados de mulheres em idade fértil registrados no HRSM, nenhum foi configurado como óbito materno. O levantamento foi confirmado pelas análises hospitalar e ambulatorial, além da consulta domiciliar.
“Se em uma das etapas da investigação o óbito materno for descartado, não há necessidade de verificar a evitabilidade, as falhas e os problemas”, finaliza o médico.