Dezembro é o mês dedicado à conscientização e à luta contra a Aids. No Brasil, o número de casos tem aumentado. Um dos motivos é a dificuldade de acesso aos serviços de saúde devido à pandemia da Covid-19. Mais do que nunca, o tema precisa ser discutido.
A data representa a luta pela manutenção dos direitos das pessoas que vivem com HIV. “Também tem como objetivo levar para a sociedade informações sobre a prevenção, reduzindo a cadeia de transmissão e diminuindo o preconceito”, explica Lívia Vanessa Ribeiro Gomes Pansera, médica infectologista do Hospital de Base e Referência Técnica da Secretaria de Saúde.
A médica esclarece que o vírus HIV pode causar a Aids, que é a Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida, com destruição de células de defesa (especialmente linfócitos T CD4+), levando a uma resposta imunológica inadequada – ou praticamente inexistente – do organismos das pessoas vivendo com HIV. “Isso favorece o desenvolvimento de condições oportunistas, como outras infecções, doenças autoimunes e neoplasias. O HIV pode agir diretamente em alguns órgãos e tecidos, levando ao acometimento do Sistema Nervoso Central com quadros agudos (encefalite ou mielopatias) ou crônicos (alterações neurocognitivas que podem chegar à demência); acometimento renal; diarréia crônica e doenças metabólicas”, detalha a médica.
“O uso de antirretrovirais visa indetectar a carga viral do HIV, reduzindo a incidência das doenças oportunistas e reduzindo a cadeia de transmissão, uma vez que a pessoa com HIV não detectável no sangue não transmite a doença”, acrescenta a infectologista.
Segundo ela, hoje os médicos trabalham com o conceito de prevenção combinada. “Não existe uma estratégia única de prevenção do HIV. É preciso ampla testagem da população, garantindo acesso precoce ao tratamento, tornando os indivíduos indetectáveis, ou seja, não transmissores do HIV”, destaca Lívia Pansera.
A médica esclarece também que atualmente existe a estratégia de profilaxia pós-exposição (PEP) e pré-exposição (PrEP). A PEP, segundo ela, consiste no uso de antirretrovirais até 72h após exposição sexual de risco, violência sexual ou acidente com material biológico, durante 28 dias. Já a PrEP consiste no uso regular de antirretrovirais por populações chave, para reduzir o risco de transmissão para essas populações. Importante esclarecer que hoje não se fala mais em grupos de risco, mas sim em populações chave.
Outras estratégias para evitar o contágio do HIV são a educação sexual e a disseminação de informações e orientações quanto ao uso de preservativos.
Além disso, é importante incluir o teste de HIV nos exames de rotina. “O HIV deve ser pesquisado em pacientes de todas as idades e em todos os níveis de atenção. Já existe uma recomendação do Conselho Federal de Medicina para que os profissionais solicitem testes diagnósticos de HIV e hepatites virais para todos os pacientes assistidos”, ressalta a médica.
De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), cada Dia Mundial da Aids se concentra em um tema específico. O de 2022 é “Equidade já”. O objetivo é combater as desigualdades sociais, para facilitar as atuações dos diferentes atores – agências da ONU, governos e sociedade civil – no combate à Aids em todo o mundo.