Serviço é voltado para pacientes com patologias como bulimia, anorexia e compulsão alimentar
Distúrbios alimentares como bulimia, anorexia e compulsão alimentar atingem 4,7% dos brasileiros e o índice chega a 10% na adolescência, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Distrito Federal, o Hospital de Base é o único que possui um ambulatório exclusivo para tratamento das pessoas que sofrem com essas doenças e o único reconhecido pela Associação Brasileira de Transtornos Alimentares do Centro-Oeste.
A bulimia é quando uma pessoa come exageradamente e têm um sentimento de perda de controle sobre a alimentação, com episódios de vômitos ou uso de laxantes. A anorexia pode ser caracterizada por atividade física exagerada, restrição alimentar rigorosa e peso abaixo do normal, podendo chegar a um quadro de desnutrição que leva à morte. Já a compulsão alimentar, a pessoa devora uma quantidade muito grande de comida.
“Estamos aqui para atender esses pacientes de forma completa com equipe composta por psiquiatra, psicóloga e nutricionista. Quando o paciente passa pela consulta, ele é atendido pelas três áreas e garantimos a continuidade do tratamento”, informou a psiquiatra responsável pelo serviço no Hospital de Base, Renata Rainha.
O ambulatório não trata a obesidade, mas o transtorno alimentar, que pode estar ou não associado à obesidade. “Uma pessoa que tem compulsão alimentar, por exemplo, tem um comportamento diferente com a comida. Ela não come só quando tem fome, mas para apaziguar emoções”, esclareceu.
À frente de trabalho do ambulatório trata a maneira que as pessoas enxergam a comida e o que elas buscam nos alimentos. “Essas pessoas não estão buscando se nutrir, mas esvaziar esse sentimento ruim com a alimentação”, disse Rainha.
A psicóloga que atua no serviço, Heluane Peters, ressaltou que a terapia tem como primeiro passo identificar como foi a construção da história desse paciente, quais foram os primeiros momentos da vida dele que fizeram com que ele identificasse na comida um mecanismo de defesa.
“Fazemos esse resgate e depois iniciamos um processo para encontrar outros mecanismos de saída desses sentimentos de forma saudável. A tendência é que ele identifique mecanismos de independência emocional frente a esses vínculos que ele estabeleceu na vida”, afirmou Peters.
Segundo ela, outros mecanismos são trabalhar movimentos com o próprio corpo, seja com o artesanato, a atividade física ou outra atividade. “Geralmente, o transtorno é uma dificuldade de relacionamento da pessoa com o mundo. Então ela utiliza da comida como um mecanismo de mais fácil acesso para o prazer ou abstenção”, complementou.
A psicóloga informou que o próprio paciente pode identificar que possui transtorno, mas, na maioria das vezes, a família que percebe.
Quanto ao nutricionista, o profissional é um componente essencial no tratamento dos transtornos alimentares. “Ele é capacitado para orientar sobre alimentação, determinar uma meta de peso saudável, verificar as necessidades energéticas do paciente, avaliar risco de desnutrição ou obesidade, promover educação nutricional, prescrever dietas, traçar estratégias de mudança comportamental, ensinar e treinar habilidades necessárias para uma alimentação saudável”, esclareceu a nutricionista Isabel Aiza.
A nutricionista disse que é muito importante ressaltar que, por ser uma doença de grande complexidade, a equipe multidisciplinar deve ser treinada e capacitada para atender esse tipo de paciente.
O tratamento não tem um prazo específico para finalizar, mas os primeiros resultados são obtidos nos dois primeiros meses e a melhora consistente ocorre ao longo de um ano de terapia. Para ter acesso ao serviço, é necessário ter encaminhamento médico de outras unidades de saúde. Ao fazer a consulta, os profissionais fazem uma avaliação para verificar se o paciente preenche os requisitos para ter acesso ao serviço.
Texto: Ailane Pereira / Agência IGESDF
Fotos: Davidyson Damasceno / Agência IGESDF