O Hospital de Base (HB), mesmo em plena pandemia, vem mantendo um tipo de cirurgia de tratamento de câncer na qual é referência em todo o Distrito Federal: a oncoplastia ou oncoplástica. Esse procedimento permite que na mesma cirurgia seja possível extrair o câncer e recompor mamas, músculos ou peles afetados pela operação. Desde 2014 essa cirurgia é realizada pelo HB, mas a partir de 2018, quando o hospital passou a ser administrado pelo Instituto de Gestão Estratégia do Distrito Federal (IGESDF), o número de procedimentos aumentou, chegando a média de 200 operações por ano.
Esse método reúne as técnicas da cirurgia oncológica com as das operações plásticas. No mesmo procedimento retira-se o câncer e regenera-se a área do corpo atingida. A cirurgia oncoplástica é muita usada em casos de câncer de mama. No Hospital de Base, a reconstrução mamária é um procedimento feito pelo setor de mastologia. Já a restauração de músculos e peles é feita por especialistas em oncoplastia, como a cirurgiã plástica Márcia Moreira, que integra a equipe de cirurgiões do HB.
“A cirurgia oncoplástica oferece diversos benefícios ao paciente”, garante Márcia. “A operação possibilita a retirada completa do câncer. No mesmo procedimento, pode-se reconstruir a pele ou os músculos danificados no tratamento do câncer. A reconstrução se dá de forma mais anatômica, natural e sutil, evitando-se o surgimento de feridas complexas após a operação. Permite ainda que o doente tenha alta hospitalar mais rápida, além de contribuir para elevar a autoestima do paciente”.
Alto custo da cirurgia
A operação oncoplástica feita no Hospital de Base é coberta pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O custo de cada procedimento, dependendo da complexidade do caso, varia entre R$ 40 mil a R$ 50 mil reais, valor muito alto até mesmo para pacientes de classe média. Mas nada custou a Francelino Nunes, um lavrador de 87 anos que veio de Balsas, no Maranhão, para fazer a cirurgia no HB.
Francelino sofria com dores nos glúteos. Veio para Brasília em agosto de 2020 em busca de tratamento, ficando hospedado na casa da filha, em Sobradinho. Após exames realizados no Hospital de Base, o lavrador foi diagnosticado com um tipo de câncer conhecido como sarcoma nos glúteos. Francelino passou a receber a medicação para estancar a evolução da doença. Os médicos, então, decidiram que ele deveria ser operado.
No dia 30 de julho Francelino foi operado. Foram seis horas de cirurgia, dividida em duas etapas: uma para a retirada do tumor e a outra para reconstituir a pele. A primeira fase foi realizada por uma equipe comandada pelos cirurgiões oncológicos Ricardo Gomes e Rodrigo Gomes. A segunda etapa foi dirigida pelos cirurgiões plásticos Márcia Moreira e Pedro Brandão. Ela cobriu a ferida cirúrgica do paciente com um segmento de pele, gordura e músculo vascularizados, retirado da área lateral dos glúteos de Francelino. A operação foi um sucesso.
Na última segunda-feira (5), quatro dias após a cirurgia, o lavrador deixou o Hospital de Base, mas ele irá retornar para sessões de radioterapia, dando continuidade ao tratamento contra o câncer. Ele sabe da importância dessas sessões para recuperar a saúde e retomar a rotina no interior do Maranhão. Com humor e otimismo, mantém a fé e a esperança: “Não vejo a hora de voltar para o meu Nordeste e andar de moto, mas dessa vez sem dor ao me sentar”.