Hospital de Base promove palestra para fonoaudiólogos sobre nova tecnologia para pacientes laringectomizados

Hospital de Base promove palestra para fonoaudiólogos sobre nova tecnologia para pacientes laringectomizados

Serviço de fonoaudiologia convidou especialista da Unicamp para apresentar novo método

por Bruno Laganá

Dra. Vaneli Rossi explicou sobre o uso da sonda de avaliação e estimulação esofágica para laringectomizados. Crédito: Alberto Ruy/IgesDF

O Serviço de Fonoaudiologia do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) realizou na terça-feira (10) uma palestra no auditório da unidade com o tema “Análise da função esofágica com aplicação da sonda de avaliação e estimulação esofágica para laringectomizados”. A palestrante foi Vaneli Colombo Rossi, fonoaudióloga, doutora pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, em São Paulo.

O objetivo da palestra era falar sobre o processo de reabilitação fonoaudiológica do paciente laringectomizado total, especificamente no que tange o uso da sonda de avaliação e estimulação esofágica para a voz esofágica. “Esse tipo de sonda é uma novidade recente no Brasil, que passou a fabricá-la há apenas dois anos”, conta Vaneli.

Segundo a especialista, hoje, no Brasil, o paciente laringectomizado tem três opções de reabilitação para recuperação da voz após sua cirurgia: a voz esofágica, a voz traqueoesofágica e a eletrolaringe. “O único desses processos que não necessita de dispositivo externo ou de cirurgia é a voz esofágica. Mas ela é de difícil aquisição, porque as técnicas que existem para esse tratamento são subjetivas. Essa sonda permite que a gente estimule o local onde a voz vai ser desenvolvida, de maneira bem objetiva”, explica a Dra. Vaneli.

Dra. Vaneli Rossi realizou uma demonstração ao vivo graças a presença de três pacientes Crédito: Alberto Ruy/IgesDF

A palestra teve dois momentos, onde a Dra. Vaneli deu uma aula sobre o uso da sonda. Em seguida, ela realizou a demonstração ao vivo graças a presença de três pacientes já sondados pela enfermeira Vanessa e que se dispuseram a demonstrar como funciona a estimulação direta do esôfago.

De acordo com Vaneli, hoje os pacientes que precisam de reabilitação acabam tendo acesso à fonoaudiologia, porém as técnicas são de difícil aplicação e nem sempre apresentam boas taxas de sucesso. “Os pacientes acabam ficando entre seis meses e um ano realizando a fonoterapia, porém nem sempre conseguem voltar a falar. Com a nova sonda, tem sido possível conseguir resultados melhores, com recuperação de até 60% da voz esofágica em até 12 semanas”, conta a médica.

A ideia do Serviço de Fonoaudiologia do Hospital de Base é disseminar o conhecimento não só entre os profissionais da unidade, mas contribuir para a reabilitação desses pacientes no Distrito Federal. Para isso a inscrição para a palestra foi aberta para os residentes e estudantes. “O objetivo é que a gente possa disseminar esse conhecimento pelo Brasil, para que os serviços possam replicar a técnica e aumentar o número de pacientes com voz esofágica sem precisar de dispositivo externo”, conta Vaneli.

Dra. Ana Gabriella Fernandes, fonoaudióloga do ambulatório da cirurgia de cabeça e pescoço do HBDF. Crédito: Alberto Ruy/IgesDF

Realizar o evento foi uma iniciativa da fonoaudióloga do ambulatório da cirurgia de cabeça e pescoço do HBDF, Dra. Ana Gabriella Fernandes. Com o apoio da Chefe do Serviço de Fonoaudiologia (SEFON), Bartira Donato Amaral Pedrazzi. A Dra. Ana convidou a Dra. Vaneli para dar a palestra depois que realizou um curso em Goiânia. “Percebi que os pacientes e os familiares tinham pouco conhecimento do processo que estavam vivendo porque a laringectomia total é a retirada do órgão fonatório do paciente, então ele vai precisar de outros meios para ter comunicação. O intuito era mostrar a todos que há técnicas novas e que podem ter um custo menor”, conta Ana.

Ana conta que o novo tipo de sonda estudado ainda não está disponível no Hospital de Base. “Porém, o nosso próximo objetivo é tornar o serviço disponível, assim como foi possível fazer com a eletrolaringe”, lembra Ana.

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