Combater as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) dentro de suas unidades é uma das principais metas do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF). Por isso, o Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar (NUCIH) do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) se reúne mensalmente com chefias e gerentes para apresentar os dados das ações de combate às IRAS.
Nesta quarta-feira (29), o encontro trouxe uma novidade. A partir deste ano, as equipes assistenciais serão integradas nas discussões de casos das IRAS e avaliarão as medidas que podem ser tomadas para melhoria dos índices. “Nós do NUCIH fazemos a análise e avaliação de qual possível fragilidade que pode ter causado essa infecção. Por isso, a importância de integrar essa equipe assistencial, tanto equipe médica, fisioterapia, odontologia, enfermagem, para essa análise de saída. O intuito é que eles entendam também o que foi que aconteceu ali, qual foi a quebra desse processo, qual foi a fragilidade, para diminuir cada vez mais essa densidade de incidência de IRAS dentro do hospital”, explica o infectologista do HRSM, Daniel Pompetti.
Segundo ele, em 2024 o HRSM obteve muitas conquistas, principalmente do ponto de vista da microbiologia, pois além da implementação de novos antibióticos dentro das unidades administradas pelo IgesDF, também foi possível fazer os testes de sensibilidade desses antibióticos.
Além disso, o laboratório do próprio hospital atualmente consegue realizar o teste fenotípico para identificar a presença de carbapenemases e metalobetalactamases. Em caso afirmativo, as amostras são enviadas para o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF), que faz a parte da identificação específica da enzima produzida, como, por exemplo, KPC ou NDM.
“Com esses dados, nós, como infectologistas e médicos, conseguimos individualizar a terapia desses pacientes. Mas, não adianta as melhores tecnologias e ter os melhores antibióticos se não voltamos ao básico, sendo a higiene das mãos e as medidas mais simples para evitar essas infecções”, ressalta Pompetti.
Redução de PAVs
Ao longo do ano passado, um dos maiores ganhos do Hospital Regional de Santa Maria foi manter o número de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) tanto na Unidade de terapia intensiva (UTI) adulto quanto na UTI neonatal abaixo do número de incidência registrado em todo o Distrito Federal.
Na UTI neonatal, a incidência de PAV foi de zero em todos os meses de 2024. Conforme o infectologista pediátrico do HRSM, Pedro Bianchini, todas as intervenções que o Núcleo de Controle de Infecção precisou fazer na UTI neonatal tiveram uma resposta ótima, com grandes resultados. “Eu acho que a grande intervenção desse ano talvez seja que a gente consiga manter uma constância maior. Então, os dados do ano passado foram positivos e o grande objetivo é que a gente os mantenha mais constantes, sem grandes oscilações”, avalia.
Já na UTI adulto, o índice teve uma queda e foi possível zerar os registros nos meses de junho, julho e setembro. “Houve uma redução de densidade de incidência de PAV de 3,9 em 2023 para 2,3 em 2024. Também tivemos redução de densidade de incidência de infecção primária de corrente sanguínea laboratorial (IPCSL) de 2,6 em 2023 para 1,7 em 2024”, destaca Pompetti.
Objetivos para 2025
Segundo a chefe do NUCIH, Aldyennes Carvalho, foi observada uma melhora nas Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) de notificação obrigatória, resultado da boa integração entre o Núcleo e a equipe assistencial. “Ainda há desafios a superar, e, por isso, implementaremos novas estratégias para 2025. Entre elas, destacamos a realização de visitas direcionadas com setores estratégicos, como hotelaria, engenharia e manutenção, entre outros. O objetivo dessas visitas será identificar oportunidades de melhoria e ampliar a segurança e qualidade do cuidado ao paciente, com foco na redução das IRAS”, destaca.
Além disso, o NUCIH promoverá um simpósio em maio, durante a campanha de higienização das mãos, além de dar início à implementação do Programa de Uso Racional de Antimicrobianos. “Temos confiança de que 2025 será um ano de avanços significativos, especialmente na redução das IRAS no HRSM”, conclui.