Hospital Regional de Santa Maria promove evento em alusão ao Novembro Roxo

Hospital Regional de Santa Maria promove evento em alusão ao Novembro Roxo

Evento ocorreu durante todo o dia e contou com diversas atividades e palestras

Jurana Lopes

Nesta sexta-feira (22), o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) foi palco para um grande evento em comemoração ao Novembro Roxo, mês da Prematuridade. O objetivo deste ano foi discutir o acesso aos cuidados de qualidade. Ao longo do dia, diversas atividades foram realizadas. Pela manhã o evento foi exclusivo para colaboradores do HRSM e foram debatidas várias pautas acerca do universo da Prematuridade. Já à tarde, as mães internadas com seus bebês no hospital e algumas mães que já receberam alta foram convidadas a participarem do evento.

Equipe da UTIN se reuniu para organizar o evento sobre a Prematuridade. Foto: Divulgação/IgesDF

Pela manhã, a enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) Sônia Martins, apresentou uma palestra sobre a questão do cuidador e do ambiente de trabalho, ressaltando que os profissionais são responsáveis pelo cuidado dos bebês, o acolhimento das famílias, o uso de tecnologias como o Método Canguru, a criação de vínculos com os bebês e as famílias, e ainda passam pelo processo de perdas e a não vivência do luto.

“Devido à alta demanda de bebês internados e de cuidados, acabamos sufocando o luto por aquele bebê que estava sob nosso cuidado e não resistiu e isso não faz bem pra nossa saúde. Também temos desgaste emocional, alto nível de estresse e precisamos nos atentar a isso para não adoecermos. É importante comemorar as conquistas, aniversários, datas comemorativas, ter reconhecimento e valorização de competências e habilidades. Por isso, precisamos nos cuidar”, ressalta.

Houve palestra sobre a importância de cuidar de quem cuida, no caso, das equipes que prestam assistência. Foto: Divulgação/IgesDF

Houve palestra sobre a atuação da fonoaudiologia com os bebês prematuros, apresentada pela fonoaudióloga Sara Santos, que tratou sobre a estimulação da alimentação oral e a coordenação da sucção, deglutição e respiração, além da importância do aleitamento materno.

Também ocorreram palestras com a equipe de Assistência Social e Psicologia que debateram a necessidade do acolhimento e acompanhamento dessas famílias, principalmente as em situação de risco psicossocial. Onde foi debatida a necessidade de orientar as famílias sobre os benefícios assistenciais do governo, sobre o respaldo legal da entrega voluntária da criança ainda no hospital e o acolhimento psicológico em todos os casos.

Auditório do HRSM ficou cheio durante todo o dia. Pala manhã foram os colaboradores e pela tarde, as mães lotaram o evento sobre o Novembro Roxo. Foto: Divulgação/IgesDF

 

A terapeuta ocupacional da UTIN e da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais (UCIN), Maria Helena Nery, fez uma apresentação em que abordou a importância do Método Canguru e os benefícios que ele faz ao desenvolvimento saudável do bebê, à criação de vínculo com a mãe, à amamentação e informou que para realiza-lo é necessária a ajuda de toda a equipe multidisciplinar, tendo em vista que alguns bebês utilizam muitos dispositivos.

A médica neonatologista do HRSM, Letícia Moraes, abordou o controle de ruídos dentro da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e destacou como o barulho pode deixar o bebê instável, podendo gerar perda auditiva, aumento da pressão intracraniana, estresse, hipertensão arterial, instabilidade metabólica, irritabilidade, alterações na frequência cardíaca e na saturação. Também houve palestra com explanação sobre controle e prevenção da dor neonatal.

Letícia Moraes é médica neonatologista e destacou a importância de manter o silêncio dentro da UTIN e como isso faz diferença na vida dos bebês internados. Foto: Divulgação/IgesDF

Momento para mães

De acordo com a chefe de Serviço de Enfermagem da UTIN do HRSM, Lorena Mendes, o evento foi dividido em dois momentos, sendo um voltado para os colaboradores e outro para as mães.

Lorena Mendes é a chefe do Serviço de Enfermagem da UTIN do HRSM e fez a entrega de vários brindes durante o evento, que ela faz questão de organizar anualmente. Foto: Divulgação/IgesDF

“O primeiro foi com as equipes, até mesmo para partilhar conhecimentos. Às vezes as pessoas não sabem qual é a função de cada profissional dentro da unidade. O que cada um faz e à tarde realizamos palestras mais claras e objetivas voltadas para as mães, para que elas possam entender o mundo no qual os bebês delas nesse momento se encontram”, explica.

Segundo Lorena, este é um momento muito gratificante para partilhar com a equipe e se não fosse a união de todos por trás da organização do evento, não seria possível realizar algo tão grandioso. Houve coffee break e entrega de vários brindes para os participantes do evento.

A equipe responsável por tomar a frente da organização do evento do Novembro Roxo. Foto: Divulgação/IgesDF

A tarde foi voltada para as mães com palestras sobre nutrição no puerpério, atuação fonoaudiológica em bebês prematuros, amamentação em todas as situações e prematuridade.

A representante da ONG Prematuridade.Com, Suellen Martins, é mãe de duas prematuras e abordou em sua palestra a importância de transformar os desafios em força materna. “Passamos vários desafios durante a internação e venho contribuir com palavras de esperança para dar força. Este é um trabalho voluntário que se transformou em um propósito de vida ajudar e melhorar a assistência à saúde, mas também psicológica e assistência jurídica. Queremos ajudar as famílias de prematuros de todo o Brasil”, afirma.

Todas as mães foram convidadas para irem até a frente e falarem o nome de seus filhos e idade gestacional que nasceram. Foto: Divulgação/IgesDF

 

Emoção nos relatos

As mães que estavam no evento gostaram muito de participar do momento e compartilhar suas histórias, este é o caso de Fabíola Reis, de 37 anos, ela deu seu testemunho e emocionou todos os participantes, pois teve sua filha Helena, de 1 ano no HRSM, ficou internada por 102 dias e passou por muitos momentos difíceis em que pensou que a filha não resistiria à internação.

“Ela nasceu com 560 gramas no dia 5 de outubro de 2023, recebemos alta em 15 de janeiro e só então pude viver a maternidade plenamente, porque estar dentro de um hospital é muito difícil. Foi então que em março minha filha foi atropelada, teve traumatismo craniano, convulsões e ficamos internadas novamente. Graças a Deus ela hoje está aqui, viva e com saúde. Agradeço a todas as equipes que nos acompanharam desde o início, de coração”, relata.

O relato de Fabíola dos Reis e de sua filha Helena foi emocionante e tirou lágrimas de quem participava do evento. Foto: Divulgação/IgesDF

Dionete Silva, de 43 anos, é mãe da pequena Talia, de 4 meses. A bebê é sua filha caçula, os outros dois irmãos também nasceram prematuros. Talia ficou internada por 54 dias porque nasceu de 30 semanas e pesando apenas 1.680 kg, passou por todos os processos de internação até ir para casa.

“Ela ficou na UTIN, depois foi para a UCIN e só então fomos para casa. Já passei isso com os meus outros dois filhos, graças a Deus nenhum deles têm nenhuma sequela da prematuridade, ela que está sendo acompanhada porque tem um pouco de arritmia cardíaca. Este evento de hoje tira muitas dúvidas da gente, sobre como cuidar em casa, como deve ser o acompanhamento médico com o nosso filho prematuro, tudo bem explicativo, excelente”, afirma.

Dionete (blusa rosa) e Gabriela (vestido verde) ficaram internadas na UTIN do HRSM com seus filhos e hoje estão em casa curtindo a maternidade. Foto: Divulgação/IgesDF

Mãe de segunda viagem do Henry, de 6 meses, Gabriela Freitas, de 32 anos conta que nunca tinha passado pela experiência de ter um filho prematuro antes. “Minha primeira gestação foi tranquila. Mas dessa vez eu fiquei assustada porque o Henry nasceu de 23 semanas, pesando 710 gramas. Fui muito bem acolhida aqui pelas equipes, mas levei um susto gigantesco. Depois de 86 dias internado aqui tivemos que ir para o

Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) porque ele precisou passar por uma cirurgia e lá se foram mais 32 dias internado. Antes de ter ele, não tinha muita noção do mundo de uma mãe de prematuro e esse evento é muito importante para dar este suporte”, conclui.

 

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