Expressões como “homem não chora” e “coisas de homem” são comumente ouvidas na sociedade e, especialmente, em rodas de amigos. Mas, qual a relação entre essas falas e a forma como o homem cuida da própria saúde? Com o objetivo de propor reflexões sobre o impacto do meio social e da criação na priorização e tempo dedicados ao autocuidado pelos homens, o Projeto Acolher: Cuidando da Saúde Mental do Colaborador, da Diretoria Vice-Presidência, deu início, em 1° de dezembro, ao Ciclo de Rodas de Conversa “Masculinidades e Saúde do Homem”, que será realizada em todas as unidades assistenciais do IGESDF – Hospital de Base (HB), Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e unidades de pronto atendimento (UPAs).
A iniciativa integra não só as ações voltadas ao Novembro Azul, mês dedicado às campanhas de sensibilização sobre os cuidados com a saúde do homem e à importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, mas, também, ao Dezembro Vermelho, campanha nacional de Prevenção ao HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis. “A ideia de estender as rodas de conversa e realizá-las ao longo do mês de dezembro têm a finalidade de reforçar, junto aos nossos colaboradores, a importância de manter os cuidados com a saúde durante todo o ano, na sua integralidade, e não apenas no mês da campanha”, explica a coordenadora de Saúde, Segurança e Qualidade de Vida no Trabalho (CSSQTV), Maíra Vasconcelos.
As rodas de conversa são conduzidas pelas psicólogas do Projeto Acolher e buscam, por meio do diálogo, abordar questões relacionadas à definição de papéis sociais, às condutas que definem o “ser homem” na sociedade e às consequências relacionadas à saúde. Dados do Ministério da Saúde sobre o perfil da situação de saúde do homem no Brasil demonstram que os homens morrem mais cedo do que as mulheres, principalmente, por causas externas – acidentes e violência; e procurarem menos os serviços de saúde. Eles também são mais suscetíveis às doenças cardiovasculares, que podem estar relacionadas aos comportamentos de risco mais frequentes.
Além da realização de dinâmica e da troca de vivências, a atividade busca promover a integração do grupo e desconstruir normas impostas pela sociedade. “Cada roda tem sua dinâmica, mas a ideia é propor discussões sobre frases que já foram ditas ou ouvidas por eles, a exemplo de ‘homem não chora’, ‘o homem tem que estar 100% disposto sexualmente sempre’, ‘homem não precisa de ajuda’, entre outros. Conversamos sobre as vivências e sobre como essas situações são replicadas na criação da nova geração de crianças do gênero masculino”, exemplifica a psicóloga Jackelline Silva, responsável pela atividade nas UPAS de Sobradinho, do Recanto das Emas e do Paranoá. “Temos tido uma boa participação dos colaboradores, que têm compartilhado suas vivências e histórias”, afirmou. A psicóloga Sara Figueiredo, responsável pela atividade nas UPAs de São Sebastião, Gama, e no HRSM, acrescenta que “as rodas de conversa abordam a saúde mental dentro dos papéis sociais, com o intuito de sensibilizar nossa sociedade a pedir ajuda”.
A vice-presidente do IGESDF, Mariela Souza de Jesus, ressalta a importância das rodas de conversa também para a integração entre os colaboradores que atuam juntos nas unidades. “A troca de experiências, vivências e as reflexões propostas com a atuação das psicólogas do Projeto Acolher visam ao cuidado do nosso colaborador e abordam diferentes temáticas relacionadas à saúde mental, mas também contribuem para um ambiente de trabalho mais saudável e acolhedor”, explica.
Durante os encontros, que já foram realizados nas UPAs de Sobradinho, Recanto das Emas, Samambaia, Ceilândia e Ceilândia II, as psicólogas falam ainda sobre o Projeto Acolher, os tipos de atendimento e como fazer o agendamento. Até o final do mês, as rodas serão realizadas nas UPAs do Núcleo Bandeirante, do Gama, de Samambaia e no Hospital de Base.