Santa Maria atende 23,8 mil mães em plena pandemia

Santa Maria atende 23,8 mil mães em plena pandemia

No mês dedicado à amamentação, hospital mostra o que tem feito para melhorar o atendimento a mães e bebês

Trabalho em conjunto realizado pelos profissionais de saúde do HRSM garante acolhimento às mães e bebês

O Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) comemora o “Agosto Dourado”, mês dedicado a incentivar à amamentação, com um expressivo número de mães atendidas em plena pandemia do coronavírus. Em 17 meses, entre março de 2020 e julho de 2021, o HRSM atendeu em média 1.400 puérperas (mães que acabaram de dar à luz) por mês, num total de 23.800 atendidos.

O hospital, administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IGESDF), dispõe de uma grande estrutura para acolher mulheres grávidas e garantir atendimento de qualidade às puérperas e aos seus recém-nascidos. O HSRM conta com um bem equipado Centro Obstétrico, onde acontecem os partos, e uma Maternidade com 42 confortáveis leitos, onde as mães recebem todas as orientações sobre os cuidados que devem ter com seus bebês, principalmente com relação à amamentação.

Mães e bebês são assistidos por 20 profissionais, entre médicos pediatras, ginecologistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fonoaudiólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fisioterapeutas. Além desses, ainda prestam assistência mais 21 profissionais de saúde do Banco de Leite Humano (BLH) do hospital.  “É um trabalho em conjunto realizado por todos os profissionais, que garantem acolhimento e cuidados para as mães e os bebês”, explica a gerente da Maternidade, Ivonete Rodrigues.

Banco de Leite

A equipe do Banco de Leite mantém uma rigorosa rotina de atendimento. Todos os dias eles visitam as mães que apresentam dificuldades para amamentar. Identificado o problema, a equipe multiprofissional entra em ação, ensinado as puérperas “as técnicas para estimular a produção de leite, as massagens, a ordenha, a posição e forma correta de pegar as mamas melhorar a amamentação”, explica a enfermeira Terjane Machado, chefe do Banco de Leite do HRSM.

O BLH também é responsável por preparar o estoque de leite humano pasteurizado para atender bebês que não conseguem sugar o alimento dos seios das mães. São bebês que nascem prematuros, com baixo peso ou que possuem alguma patologia ao nascer. São ainda recém-nascidos com imunodeficiência ou com alergia a proteínas, com enteroinfecções (um tipo de infecção intestinal) ou com deficiências nutritivas.

Técnicas para estimular a produção de leite são ensinadas às mães para melhorar a amamentação

O Banco de Leite ainda registra casos curiosos de mães que não conseguiam produzir uma gota de leite, mas que, depois de tratadas, passaram a ser doadoras do alimento. É o caso de Cláudia Souza do Santos, mãe pela quarta vez aos 36 anos. Ela não conseguia produzir leite suficiente para amamentar o recém-nascido Isaac Weverton. A equipe do BLH resolveu o problema.

Primeiro, forneceu leite doado por outras mães. Depois, ensinou as técnicas para que a Cláudia produzisse o alimento. Seis meses depois, o que não falta é leite nas mamas de Cláudia.  “Agora está sobrando. Por isso, resolvi doar”, afirma. “Quando eu recebi leite para o meu bebê fez muito diferença para mim. Tenho certeza que o meu leite também fará a diferença para as mães que precisam”.

Cláudia Souza do Santos, 36 anos, após superar a dificuldade para amamentar o filho, passou a ser doadora de leite materno

Serviço de fonaudiologia

A Maternidade do Hospital de Santa Maria também disponibiliza serviços de fonaudiologia para os bebês. Os profissionais que atendem são responsáveis pelo “teste da linguinha”, exame obrigatório que serve para diagnosticar “problemas de freio da língua” de recém-nascidos, que podem prejudicar a amamentação ou comprometer o ato de engolir, mastigar e falar.

“O freio é uma pelinha que todos temos embaixo da língua, mas quando está muito para frente pode atrapalhar a amamentação”, explica a fonoaudióloga da Maternidade do HRSM, Iraíldes dos Santos. “Muitas vezes a própria sucção do bebê vai corrigindo esse problema”, ressalta. “Mas sempre a palavra final é do odontologista, profissional que vai identificar se o bebê precisa ou não passar por cirurgia para corrigir o freio”.

Um dos bebês submetidos ao “teste da linguinha” foi Henry Gabriel da Silva Andrade, filho prematuro de Alice Mylena da Silva Mattos, 21 anos. O bebê não conseguia sugar o leite. A mãe sentia fortes dores e estava frustrada por não conseguir amamentar o pequeno Gabriel, ao contrário do que ocorreu com  Emylly Gabrielle, a primeira filha. “Ela mamava normalmente, era muito tranquilo amamentar. Com o Gabriel foi diferente. Fiquei muito preocupada”, contou Alice.

Henry Gabriel da Silva Andrade aprendeu a sugar o leite da mãe Alice Mylena da Silva Mattos, 21 anos

Quem atendeu a mãe e o bebê foi a fonoaudióloga Iraíldes dos Santos, que orientou sobre os procedimentos que deveriam ser feitos para que o bebê pudesse mamar. “Sem dúvida, os conselhos, a ajuda e as dicas da doutora Iraíldes me tranquilizaram e me ajudaram bastante”, declarou Alice. “Sou mãe pela segunda vez. Essa foi a primeira vez que recebi esse tipo de assistência em um hospital. Fiquei bastante satisfeita com o atendimento que eu e meu filho recebemos no Hospital de Santa Maria”.

Outra paciente atendida pelo serviço de fonaudiologia do HRSM foi  Samantha Gonçalves, de 34 anos, mãe de Yasmin Gonçalves. Após 48 horas do parto, a bebê praticamente não mamava. O leite se acumulava nas mamas, causando dores. Foi aí que fonoaudióloga Iraíldes dos Santos entrou em ação. “Ela me ensinou e me ajudou a fazer a massagem (ordenha) para esvaziar meus seios e aliviar a dor”, contou. “Que bom que ela apareceu, porque estava com medo de endurecer as mamas”.

Samantha é mãe pela segunda vez. O primeiro filho foi Yuri, hoje com 11 anos. Quando ele nasceu, ela sofreu muito para amamentá-lo. Não teve, à época, a mesma assistência que recebeu agora, com o nascimento da pequena Yasmin. “Hoje me sinto mais segura, mais bem assistida”, garante Samantha.

Samantha Gonçalves, 34 anos, superou as dificuldades para amamentar Yasmin Gonçalves

Semana Mundial do Aleitamento Materno

No Brasil, o “Agosto Dourado” é o mês dedicado a estimular o Aleitamento Materno. Foi instituído pela Lei nº 13.435/2.017, a qual determina que durante agosto serão intensificadas ações de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno, tais como realização de palestras e eventos; divulgação midiática; reuniões com a comunidade; ações de divulgação em espaços públicos; e iluminação ou decoração de espaços com a cor dourada.

O leite materno é considerado alimento de ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que aconselha a amamentação de forma exclusiva com o líquido materno ao bebê durante seis meses, sem a necessidade de qualquer tipo de complemento, como água, chá ou outros alimentos. Depois desse período, a amamentação pode ser estendia por até dois anos ou mais, acrescentando outros alimentos no cardápio das crianças.

Como doar leite

Toda mulher saudável, em período de amamentação, que possua leite humano a mais do que seu filho necessita, é uma potencial doadora de, independentemente da idade da criança. A mãe que quiser doar pode ligar para o telefone 160 (opção 4) ou acessar o site Amamenta Brasília e se inscrever. No site, há várias dicas e informações sobre a doação.

Reportagem: Thaís Umbelino

Edição: Pelágio Gondim

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