Vacinação completa é a proteção contra a variante Delta

Vacinação completa é a proteção contra a variante Delta

Alerta é do infectologista Julival Ribeiro, que recomenda manter as medidas preventivas para evitar uma nova onda

Thaís Umbelino

Davidyson Damasceno/Ascom IGESDF

Diante do crescente número de infectados pela variante Delta do coronavírus, o médico infectologista Julival Ribeiro, que há 40 anos trabalha no Hospital de Base, alerta: “Somente com a vacinação completa e com a manutenção das medidas preventivas, sobretudo para os não-vacinados, estaremos protegidos. Essas medidas são de extrema importância se não quisermos ver uma explosão de casos da variante Delta pelo Brasil”.

No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde registrou até esta quinta-feira (29) 45 pessoas infectadas e três mortes causadas pela Delta do coronavírus (B.1.617), a mais recente variante da covid-19. Identificada inicialmente na Índia, a Delta já foi detectada em mais de 100 países e é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das variantes que será a mais predominante no mundo nos próximos meses.

Confira as explicações do infectologista sobre a nova variante.

O que é uma variante?

Todos os vírus, incluindo o SARS-CoV-2, que causa a covid-19, mudam com o tempo e com muita frequência. A maioria das mudanças tem pouco ou nenhum impacto nas propriedades do vírus. A variante é o resultado de modificações genéticas aleatórias sofridas pelo vírus quando ele se replica nas células humanas. No caso do Sars-cov-2, identificado pela primeira vez na China, houve mutações ao longo do tempo, que algumas vezes provocam alterações funcionais, causando essas Variantes de Preocupação (VOCs), sigla para o termo em inglês Variants of Concern.

O que são Variantes de Preocupação e quais existem atualmente?

As chamadas Variantes de Preocupação são assim classificadas pela OMS porque apresentam evidências de serem mais transmissível e de escaparem da imunidade adquirida por meio de vacina ou por infecção natural, além de provocarem versões mais graves. São elas: variante Alfa: a antiga B.1.1.7, identificada no Reino Unido; variante Beta: a antiga B.1.351, identificada na África do Sul; variante Gama: a antiga P.1, identificada no Brasil; variante Delta: a antiga B.1.617.2, identificada na Índia. Atualmente, o grupo de especialistas convocado pela OMS recomenda o uso de letras do alfabeto grego, ou seja, Alfa, Beta, Gama, que serão mais fáceis e práticas de serem discutidas por qualquer público e comunicadores.

O que é a variante Delta e porque ela é motivo de preocupação no mundo?

Ela ainda está em estudos, mas o que tudo indica é que a variante Delta, apesar de não causar casos mais graves da covid-19, é altamente transmissível. É 60% mais transmissível, por exemplo, do que a variante Alfa. Um estudo realizado na China mostrou que uma pessoa infectada com a variante Delta pode ter até 1.000 vezes mais vírus no corpo do que alguém infectado com as primeiras versões do coronavírus no início da pandemia, no fim de 2019. Ela é um motivo de preocupação no mundo porque os casos recentes mais incidentes são em pessoas não-vacinadas, principalmente os jovens. Há uma especulação de que pode ter um aumento muito grande de casos nessa população jovem-adulta.

Quais os principais sintomas?

Entre os sintomas mais comuns apresentados pela variante Delta estão: dor de cabeça, coriza nasal, dor de garganta e febre. Tosse e perda de olfato e do paladar são menos recorrentes.

Como se proteger e evitar a contaminação?

O melhor remédio, nesse momento, é se prevenir tomando as vacinas, que são eficazes e seguras. Além disso, é fundamental adotar todas medidas preventivas, como o uso correto de máscaras (cobrir o nariz e boca), evitar aglomerações, manter distanciamento social e fazer higienização das mãos. Adotados essas medidas preventivas as pessoas vão proteger a si e aos outros. Quanto maior a população vacinada é possível chegar a uma imunidade de rebanho, ou seja, mais de 80% dos indivíduos vacinados conseguem proteger aqueles que por algum motivo não puderam tomar a vacina e evitar a proliferação da doença. É importante ressaltar que nenhuma vacina disponível no mundo é 100% eficaz, ou seja, você pode ter tomado as doses e adquirir o vírus, mas os benefícios dos imunizantes é que eles previnem casos graves e mortes. Ressalto ainda que, até o momento, não existe nenhum antiviral ou medicamento para tratamento direto ou cura da covid-19.

Algum caso de variante Delta já foi identificado no Hospital de Base?

Não. Até o momento nenhum caso foi registrado no HB. Desde o início da pandemia, o Núcleo de Controle de Infecção, o Serviço de Epidemiologia e o Laboratório vêm desenvolvendo um trabalho conjunto, diariamente, para identificar casos e para que sejam adotadas as medidas de prevenção e controle. Além disso, todas as medidas preventivas são exigidas e cumpridas no Hospital de Base.

É necessário adotar novos cuidados para prevenir essa variante?

A melhor maneira para evitar o surgimento de novas Variantes de Preocupação é a vacina e as medidas preventivas. Quanto mais casos de Covid-19, aqui e no mundo, damos mais chance ao SARS-CoV-2 de mutar, o que poderá surgir uma Variante de Preocupação que possa levar a casos mais graves da doença, evadir nossas defesas e escapar da proteção das vacinas. Entretanto, até o momento as vacinas disponíveis protegem contra essas variantes, inclusive a variante Delta. Mas é importante alertar: para que essa proteção ocorra é necessário que seja feito o esquema completo da vacina, ou seja, tomar a primeira e a segunda dose ou a dose única. Junto com as ações preventivas, essas medidas são de extrema importância se não quisermos ver uma explosão de casos da variante Delta pelo Brasil.

Pelágio Gondim

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