Com objetivo de melhorar o visual do espaço de convivência no pátio da ala psiquiátrica do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e promover um bem-estar maior aos pacientes internados, os colaboradores do Serviço Auxiliar de Voluntários (SAV) se organizaram para realizar uma revitalização na pintura das paredes do local.
A pintura anterior era utilizada como parte da terapia ocupacional dos internos. “Eles eram convidados a desenhar e deixar mensagens nas paredes”, explica Vandelicia Rodrigues, auxiliar do SAV. Com isso, o revestimento das paredes encontrava-se desgastado, com sinais de sujeira, o que deixava o ambiente com um aspecto desagradável.
A solução pensada foi realizar uma pintura lúdica que ajudasse não só a melhorar a estrutura, mas que também trouxesse um ambiente acolhedor e alegre para os pacientes internados. “Fomos atrás de alguns artistas que quisessem realizar um trabalho de forma voluntária, já que a renda do SAV é pequena e proveniente totalmente das vendas dos produtos do nosso bazar permanente, campanha de arrecadações nas redes sociais e doações anônimas”, explica Vandelicia.
Foi aí que apareceu o nome da jovem artista Maria Luíza Martins, que já havia realizado uma pintura artística semelhante no corredor do 11º andar do prédio da internação do Hospital de Base. “A pintura pra mim é um hobby e uma paixão. Desde pequena, os meus brinquedos favoritos sempre foram tinta guache, pincel e tela branca para poder pintar”, conta Maria Luíza.
O SAV realizou, portanto, a base da pintura. “Colocamos também um novo rodapé na área, para evitar futuras infiltrações, fizemos a parte de pintura de todas as artes de ferragem e instalamos um revestimento na parede perto da pia e do bebedouro que ficam na área para uso dos pacientes”, conta Vandelicia.
Já Maria Luiza escolheu realizar a pintura artística na parede com o tema de uma floresta tropical minimalista. “Não é de fato uma paisagem com uma perspectiva ampla, mas é uma paisagem minimalista para que ao mesmo tempo que trazemos cores vivas e muita alegria, não fique sobrecarregado de muita informação ou composições”, explica.
“Os pássaros foram feitos de uma forma mais geométrica e também gosto muito de trabalhar com linhas em volta das formas. Quando estou pintando, consigo transmitir muito do que eu sou, minhas emoções e sentimentos e eu acho que tudo que é feito com amor fica bonito. A arte feita com amor é mil vezes mais impactante e aconchegante”, reitera a artista.
Cada mão, uma história…
Além da parede principal da ala, era necessário também realizar uma pintura na parede que dá de frente à entrada da área. Essa arte precisava ser impactante e ao mesmo tempo trazer uma sensação de integração de todas as pessoas envolvidas na psiquiatria, fossem colaboradores, acompanhantes ou pacientes.
“Eu queria uma arte que simboliza a integração de todos. Muitos internos se sentem muito isolados, seja fisicamente, seja por preconceito da sociedade ou até mesmo por parte de familiares. Com isso, pensamos na necessidade dessa integração e foi o terapeuta ocupacional do HBDF, Ronay de Lucena, que nos trouxe a ideia perfeita”, conta Vandelicia.
A ideia de Ronay foi a de colocar um tronco de árvore em que as folhas seriam a impressão com tinta das mãos dos próprios pacientes e colaboradores da ala psiquiátrica, acompanhado da frase “Cada mão, uma história…”. Segundo Ronay, “fazer uma atividade que modifica a estética do local de forma integrativa, facilita o processo de reabilitação e promove engajamento dos pacientes durante o tratamento”.
“A arte, em um ambiente como o da psiquiatria, ajuda a dar maior visibilidade aos pacientes, colaboradores e visitantes em um lugar onde há vidas e histórias tão importantes quanto em outros setores do hospital”, conclui Ronay.