Jovem veio da Bahia e usou o primeiro par de sapatos doado pelo médico que realizou a terapia
Uma paciente de 26 anos que nunca calçou um sapato na vida por sofrer de pé torto congênito teve o tratamento concluído, nesta sexta-feira (24), após passar por um procedimento considerado inédito para a idade dela, no Hospital de Base.
Além de realizar o sonho de corrigir os pés, a paciente que veio do município de Luís Eduardo Magalhães, Bahia, ganhou o primeira par de tênis do médico que realizou a terapia.
O método utilizado pelo médico ortopedista Davi Haje chama-se Ponseti, uma terapia criada na década de 60 que só era usada em crianças com aproximadamente um ano, na chamada idade da marcha, ou seja, que não caminhavam ainda. Trata-se de uma ação simples que consiste no engessamento dos membros inferiores para remodelar os pés. No caso dela, foram apenas três meses de terapia.
“Não há casos na literatura médica sobre o tratamento de casos adultos de pé torto com esse método em Brasília. Em casos após idade da marcha, ninguém nunca publicou cientificamente casos semelhantes”, esclareceu o profissional.
SURPRESA – Foram seis horas de viagem até chegar ao consultório, onde Daiana da Silva Nascimento ficou emocionada ao tirar o gesso e ver, finalmente, os pés corrigidos. “A sensação de ter os pés normais é inexplicável. É muito bom. Esse é o melhor acontecimento da minha vida. Eu pedi muito a Deus”, disse a paciente.
Ela estava acompanhada do marido, Regenildo de Sousa Alencar. Segundo ela, os planos para vida dela são caminhar muito, correr e tirar a carteira de motorista para dirigir. “Um dia era o aniversário dela e escolhi um sapato para dar de presente. No momento de pagar, lembrei que ela não podia usá-lo. Mas, agora, com certeza o próximo presente será esse”, disse o marido.
Outro paciente, Luis Felipe Maia de Freitas, 11 anos, também passou pelo tratamento com sucesso com o mesmo médico. “Felipe nasceu com diversos problemas de saúde. Desde então ele é acompanhado. O sonho da vida dele era calçar uma chuteira. Então, eu procurei alternativas para fazer o tratamento dele. Esse tratamento foi essencial, aumentou a auto-estima do meu filho”, finalizou a mãe.
Para o diretor-presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), Francisco Araújo, responsável pela gestão do hospital, “com a ampla divulgação desse tratamento aqui no Base, certamente muitas pessoas que sofrem com essa deformidade poderão procurar atendimento na unidade que é referência para todo o país”, declarou.
Para ele, “o tratamento tem técnica e conhecimento médico, mas antes de tudo tem a dedicação e a visão humanística de toda sua equipe responsável”, finalizou.
Texto: Ailane Silva/Iges-DF
Fotos: Davidyson Damasceno/Iges-DF