Aparelhos possuem um software e transdutores para realização de exames com contraste de microbolhas, permitindo uma análise mais detalhada de órgãos e lesões
Considerada uma técnica inovadora, ainda pouco difundida no Brasil, a realização de ultrassonografia com contraste de microbolhas chegou ao Hospital de Base (HB), após a Unidade de Radiologia receber dois equipamentos de ultima geração.
À frente da introdução da nova tecnologia, o médico radiologista Ronaldo Abdalla explica que, diferentemente dos contrastes aplicados em exames como tomografia computadorizada e ressonância magnética, que têm mais efeitos adversos, os riscos desse contraste são quase inexistentes e não é necessário preparo específico.
Com isso, o contraste ultrassonográfico não afeta os rins, podendo ser utilizado em pacientes renais crônicos, transplantados ou em quadros renais agudos. Os próprios pulmões expelem a substância geralmente em até 15 minutos.
“O contraste ultrassonográfico tem na sua composição principal microbolhas menores do que uma hemácia, estabilizadas por uma cápsula fosfolipídica. Elas ficam exclusivamente no compartimento intravascular, ou seja, sem extravasar das áreas onde o sangue circula”, explicou o profissional.
Além disso, diferentemente da tomografia e da ressonância, por exemplo, o exame é feito com o médico acompanhando o realce da imagem ao vivo, em tempo real.”Todos esses aspectos permitem uma análise mais fiel do padrão de realce dos órgãos avaliados e de suas possíveis lesões, levando a um diagnóstico mais preciso e, consequentemente, melhorando o tratamento do paciente”, afirmou.
A técnica existe há 20 anos no mundo e foi aprovada para ser introduzida no Brasil há aproximadamente 10 anos. As imagens do exame são adquiridas por meio de ondas sonoras, podendo pode ser realizado no leito de pacientes internados, já que o equipamento pode ser transportado pelo hospital.
A possibilidade de esse exame ser feito no leito permite também sua realização, sem a necessidade de sedação, em pacientes claustrofóbicos e em pacientes obesos.
Outras vantagens em relação à tomografia computadorizada incluem um custo menor do exame, a não utilização de radiação ionizante, que pode fazer mal à saúde, e, em alguns casos de lesões no fígado, a ultrassonografia com contraste pode ser até mais específica melhorando o diagnóstico.
Embora o exame ultrassonográfico com contraste de microbolhas seja mundialmente consagrado para avaliação de lesões focais no fígado, alterações vasculares e estudo ecocardiográfico, ele é um método muito versátil e pode ser muito útil na avaliação de lesões benignas ou cânceres em outras partes do corpo, como rins, pâncreas, mamas, ovários, útero.
Segundo o médico, estudos no mundo inteiro estão sendo desenvolvidos para que o método possa auxiliar cada vez mais no diagnóstico dos pacientes e na conduta dos médicos assistentes. No HB, os pacientes que já fazem tratamento estão tendo acesso ao método.
Texto: Ailane Silva/ Ascom IGESDF
Foto: Davidyson Damasceno/ Ascom IGESDF