Há 20 anos, alguns médicos que trabalhavam no Hospital de Base (HB) perceberam que o HB precisava oferecer aos pacientes mais do que consultas, exames, medicamentos e cirurgias. Era importante tratar também a dor e o sofrimento. Amenizar e controlar esses sintomas poderia ser um bom remédio para dar confiança, fortalecer a esperança, melhorar a auto estima e a qualidade de vida dos pacientes. Assim foi criada a Clínica da Dor do Hospital de Base.
A Clínica da Dor é um local de atendimento à saúde voltado exclusivamente para o tratamento dos mais diversos tipos de dores crônicas persistentes causadas por diferentes enfermidades. É o único local desse tipo na rede pública do DF. Os pacientes são encaminhados para lá pelas unidades administradas pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), como o próprio HB, o Hospital de Santa Maria e as seis unidades de pronto atendimento (UPAs), além de outros hospitais públicos e eventualmente de unidades particulares.
Atualmente, a clínica atende em média 140 pacientes por mês. Calcula-se que, nesses 20 anos de funcionamento, já passaram pelo menos 30 mil pessoas. Muitas ficam anos em tratamento. É o caso do aposentado Antônio José Lopes, 53 anos, que há uma década faz consultas e exames e recebe medicamentos na clínica por causa de duas hérnias de disco. “Eu sentia dores terríveis e constantes”, relata. “Mas tenho controlado essas dores graças ao tratamento que recebo aqui.”
Outra paciente da clínica é Zábria Almeida, 46 anos. Ela sofreu um grave acidente de trabalho. Teve que fazer três cirurgias no ombro e tratamento na coluna. Com os procedimentos, adquiriu dores nas costas e tremores nas mãos. Foi então que o ortopedista que a acompanhava recomendou o tratamento na Clínica da Dor. Há três anos ela faz tratamento regular na clínica e, atualmente, está em uso de terapia venosa semanal. Além disso, faz sessões de acupuntura, serviço também oferecido no Hospital de Base.
Zábria conta que, antes de ser tratada na Clínica da Dor, não conseguia fazer coisas básicas sem sentir dor, como passar a mão no cabelo ou escovar os dentes. Com o tratamento, ela recuperou a autoestima e a qualidade de vida. “Quando eu cheguei aqui, me sentia um lixo humano, nem me sentia mais uma pessoa”, lembra Zábria. “Com a ajuda da Clínica da Dor, estou voltando a me enxergar como pessoa. Esse serviço não pode parar. As pessoas precisam saber que existe um controle da dor, dá para amenizá-la, dá para ter qualidade de vida.”
Essa tem sido a missão dos anestesiologistas Robert Sabino e Gisele Leite L’Abbate, os dois médicos que hoje atendem na Clínica da Dor. Eles tratam de pacientes com diversas enfermidades, como hérnia de disco, síndrome miofascial dolorosa (dor crônica muscular), traumas ortopédicos, dor causada pelo câncer, entre outras patologias.
Um dos fundadores da clínica, Robert Sabino explica que as dores são tratadas com medicamentos por via oral, infiltrações e bloqueios analgésicos. Contudo, é o tratamento da alma que motiva o paciente a prosseguir. “Os analgésicos aliviam a dor”, explica Robert, que também é acupunturiatra. “Mas é o tratamento psicológico, social, humanizado que faz com que o paciente se sinta bem como um todo.”
Os dois profissionais que hoje atendem na Clínica da Dor almejam um dia ter um centro interdisciplinar de atenção a esses pacientes e, desta forma, oferecer um tratamento integral: clínico, físico (reabilitação) e psicológico. Para tanto, eles enfatizam, é indispensável o apoio de outros profissionais de saúde, como fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais.
Clínica da Dor
Térreo do Hospital de Base (ao lado da Ala dos Voluntários)
Atende por meio de encaminhamento médico
Telefones: (61) 3550-8806 e (61) 3550-8834