Hospital de Base realizou 8 mil atendimentos no Ambulatório de Hepatologia

Hospital de Base realizou 8 mil atendimentos no Ambulatório de Hepatologia

Apesar da pandemia, atendimento foi mantido para socorrer pacientes com doenças no fígado

Thaís Umbelino

Paciente em atendimento no ambulatório para hepatites virais

Mesmo diante da pandemia do coronavírus, o Hospital de Base (HB) realizou 8 mil atendimentos no Ambulatório de Hepatologia, nos últimos dois anos, entre eles para pacientes portadores de hepatites virais. Os números foram divulgados nesta terça-feira (26) pela direção do Ambulatório de Hepatologia do HB, referência no Distrito Federal no tratamento de doenças do fígado.

O balanço foi apresentado para fortalecer a campanha “Julho Amarelo”, criada para conscientizar a população sobre os riscos das hepatites e as formas de preveni-las. Em 28 de julho é comemorado o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O Ambulatório de Hepatologia do HB, administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF), é o núcleo onde se concentram as ações para cuidar dos pacientes com doenças hepáticas. “No ambulatório é feita toda a investigação diagnóstica da doença para saber se há a existência do vírus de hepatites crônicas e quais tipos de tratamentos os pacientes precisam ser submetidos”, explica Daniela Louro, a hepatologista do HB.

A médica avisa que as hepatites B e C são as mais preocupantes porque podem evoluir para doenças crônicas, como, por exemplo, a cirrose hepática. Esta doença é consequência de inflamações no fígado, que fazem com que o órgão vá perdendo sua função até a falência completa. “Essa lesão no fígado é um dos principais causas de atendimento no ambulatório, mas pode ser tratada por meio de medicamentos e de tratamentos específicos”, ressalta Daniela.

Pacientes crônicos

Já os pacientes em estado mais grave da doença são internados na ala de Gastroenterologia do HB, onde são cuidados por equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, nutricionistas e fisioterapeutas.

Os chamados pacientes crônicos recebem tratamento imediato, focado para combater as complicações causadas pelo vírus, conforme explica o médico  José Eduardo Trevizoli,  chefe da unidade de Gastroenterologia. “No caso de pacientes crônicos com a hepatite C, nossos esforços são para que eles possam deixar o hospital totalmente curados”, ressalta.

A ala de Gastroenterologia também serve como uma espécie de antessala para o transplante de fígado. Lá os pacientes são avaliados se precisam ou não fazer a operação. Em caso positivo, o enfermo entra numa lista de espera regulada pela Central de Transplantes (CET) do DF, vinculada à Secretaria de Saúde (SES). Enquanto aguarda ser chamado, o paciente continua sendo cuidado pela equipe da Hepatologia até a realização do transplante.

Ambulatório do Hospital de Base onde os pacientes com hepatites são atendidos

Exames e testes

Para evitar as doenças hepáticas os médicos recomendam cuidados preventivos e exames periódicos. Isso porque, segundo os especialistas do HB, as hepatites, em sua maioria, são silenciosas, não apresentam sintomas. “Por isso é tão importante fazer o teste para saber se é portador do vírus”, recomenda a médica Liliana Mendes, hepatologista do Hospital de Base.

Exames de sangue, testes rápidos ou testes laboratoriais são disponibilizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) das regiões administrativas e no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), localizado no mezanino da Rodoviária do Plano Piloto.

No caso de resultado positivo, o paciente é encaminhado para algum hospital ou clínica da rede pública que disponha de serviço de atendimento especializado em hepatites virais. Fazem parte dessa rede as seguintes unidades: Hospital de Base, Unidade Mista de Saúde da Asa Sul (Hospital Dia) e os Hospitais Regionais da Asa Norte, Ceilândia, Sobradinho, Taguatinga, Gama e Universitário de Brasília, além das policlínicas do Paranoá e de Planaltina.

Os tipos de hepatite

A hepatite é uma doença que ataca o fígado. Pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas. As hepatites virais são classificadas em cinco tipos: A, B, C, D e E. No Brasil, as hepatites mais comuns são as dos tipos A, B e C.

Cada tipo apresenta particularidades e agentes infecciosos diferentes. Normalmente são doenças silenciosas, sem a ocorrência de sintomas, mas que podem provocar consequências graves a longo prazo, como cirrose, câncer e até a morte.

A hepatite A é transmitida pelo consumo de alimentos e água contaminados. Já as do tipo B e C são propagadas por meio de compartilhamento de objetos contaminados por sangue infectado, como seringas, lâminas de barbear ou piercing.  A hepatite B também é classificada como uma infecção sexualmente transmissível, daí a recomendação de se de usar preservativo.

Combate às doenças

Todas as hepatites virais são evitáveis, segundo a hepatologista Liliana Mendes. As dos tipos A e E são evitadas pelo uso de água tratada, saneamento básico e higienização adequada dos alimentos. A hepatite A também pode ser prevenida por meio de vacina própria, disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e dentro do Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos.

Para a vacinação rotineira de crianças, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) adotou o esquema de quatro doses contra a hepatite B: a primeira ao nascer e as demais aos 2, 4 e 6 meses de vida.  Para crianças mais velhas, adolescentes e adultos no primeiro ano de vida, o Ministério da Saúde recomenda três doses, com intervalo de um ou dois meses entre primeira e a segunda doses, e de seis meses entre a primeira e a terceira.

A hepatite C não tem vacina, mas a boa notícia é que tem cura. O tratamento pode ser feito pelo SUS e consiste na ingestão de medicamentos antivirais por 8 a 12 semanas.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Estudos do Fígado (Ibrafig), cerca de 1 milhão de pessoas têm hepatites virais e desconhecem ser portadoras da doença. Com o objetivo de incentivar o diagnóstico de hepatites, principalmente B e C, e cumprir a meta de eliminar a doença até 2030, defendida pela OMS, o Ibrafig lançou neste ano a campanha nacional “Não Vamos Deixar Ninguém Para Trás”.

Julho Amarelo

 Instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019, a campanha “Julho Amarelo” objetiva reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais e dar enfoque ao Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, comemorado todos os anos no dia 28 de julho.

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