IHB desenvolve estudo para tratamento avançado de AVC no SUS
O Instituto Hospital de Base (IHB) está em fase de conclusão de um estudo inovador para tratamento de acidente vascular cerebral (AVC), que ainda não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O método consiste em fazer a extração mecânica do coágulo que está interrompendo o fluxo de sangue, como se fosse um cateterismo na cabeça. Seu objetivo é inovar o tratamento do AVC na rede pública de saúde, tornando-o mais acessível à população. Isso impactará na redução de óbitos e no aumento do número de pacientes com resultados positivos, que voltarão à vida normal com independência e sem sequelas.
O estudo denominado “Resilient” é conduzido por mais de 20 hospitais públicos do Brasil, e o IHB é um dos maiores recrutadores de pacientes. A neurologista especializada em AVC, Letícia Costa Rebello, que participa ativamente do estudo, conta que esse tratamento já é feito em hospitais particulares, mas no SUS ainda não está disponível. “É uma tecnologia muito moderna, usada em países de primeiro mundo. Estudos de ponta já mostraram benefícios, e nós estamos trazendo isso para a rede pública, avaliando se é possível reproduzir os resultados das pesquisas internacionais, que mostraram a superioridade deste tratamento, a avaliação de custo, a efetividade e a exequidade”, esclarece a médica do IHB.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o AVC é a segunda principal causa de morte no mundo, perdendo apenas para a doença cardíaca isquêmica. No Brasil, o IHB é um dos hospitais com maior volume de atendimentos de pacientes com doenças cérebro vascular, com destaque para o AVC isquêmico, causado por interrupção do fluxo sanguíneo do cérebro.
Dentre os tratamentos de AVC realizados atualmente na rede pública de saúde, existe um que faz a dissolução química do trombo que está ocluindo o vaso. De acordo com a neurologista Letícia Costa, a alternativa proposta pelo estudo “Resilient” propõe a introdução de um cateter na cabeça do paciente, para localizar o vaso obstruído e fazer a retirada mecânica do coágulo. “Essa técnica mais moderna não está disponível no SUS hoje em dia. Eu só consigo oferecer aos pacientes via estudo. Mas com a inserção desse tratamento no sistema, conseguiremos oferecê-lo em ampla escala e transformar a realidade da saúde pública brasileira”, justifica.
A médica explica que existem critérios para incluir o paciente no estudo realizado pelo IHB. Uma vez que a pessoa com AVC agudo chega ao hospital, é identificada pela neurologia, que aciona a equipe do estudo. “O procedimento é realizado no serviço de hemodinâmica do instituto, como se fosse um cateterismo do coração, mas na verdade é um cateterismo da cabeça. Os pacientes que chegam com AVC isquêmico agudo são avaliados para ver se podem ser incluídos ou não no estudo”, explica Letícia Costa.
O estudo “Resiliente” está em fase final e deve ser concluído até março de 2019. A expectativa é de apresentar resultados positivos ao Ministério da Saúde para que o tratamento inovador de AVC seja aprovado pelo órgão e inserido no SUS.