Profissionais de saúde do Hospital de Base estão intermediando a entrega do conteúdo, já que esse grupo de pacientes está sem visita por causa da pandemia
Um projeto para ajudar pacientes da UTI a ‘matarem a saudade’ da família está fazendo a diferença no Hospital de Base. Eles têm a saúde fragilizada e, por isso, estão sem receber visitas para evitar contaminação de covid-19, mas as barreiras do mundo físico não impediram a equipe multidisciplinar do hospital de reaproximar pacientes e familiares. Os profissionais criaram canal para receber vídeos, fotos e mensagens que são exibidas pelas telas dos celulares.
“Nosso objetivo é manter os pacientes em contato com seus familiares. Entendemos que a presença da família colabora para melhora clínica dos pacientes e, nos dias de hoje, com a tecnologia que temos, nada justifica que os pacientes fiquem ser ter contato com os familiares”, disse a especialista em psicologia hospitalar do IGESDF, Priscila Hamdam, uma das participantes do projeto, ao explicar que as visitas neste setor foram suspensas, porque os pacientes têm maior vulnerabilidade.
O diretor-presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IGESDF), que administra o Hospital de Base, Sérgio Costa, enalteceu a iniciativa dos profissionais, pois considera ser “essa comunicação entre o paciente e seus familiares um fator importante no tratamento, uma terapia que ajuda na recuperação física das pessoas e no equilíbrio emocional”.
Para colocar a ideia em prática, foi criada uma conta de e-mail e divulgada entre os familiares. “Agora, eles mandam vídeos e fotos diariamente. Algumas famílias enviam quatro vídeos por dia. Até parentes que não vinham ao hospital estão visitando os pacientes com essa nova alternativa”, detalhou Priscila.
O foco do projeto são os pacientes que estão acordados e conscientes, interagindo. Os profissionais vão ao leito e mostramos aos pacientes todo o conteúdo. “Tínhamos uma paciente que estava com rebaixamento de humor devido à ausência da família. Agora, ela está bem e consegue até caminhar. Todos os dias ela fica na expectativa de quais vídeos vão chegar”, contou Hamdam.
Outra paciente é Glória Veiga da Silva, 68 anos, internada há 48 dias. Lágrimas e sorrisos misturava-se no momento em que assistia um vídeo com a família inteira cantando uma música para ela.
“Não ver os familiares gera muita aflição. Para mim, como filha, essa atitude que os profissionais tiveram é de suma importância, porque isso mostra que além deles estarem preocupados com a saúde física do pacientes, eles estão preocupados com saúde mental tanto do paciente, quanto dos familiares. É muito importante ter a oportunidade de vê-la, mesmo não estando próxima fisicamente”, disse a filha de Glória, Edileusa Veiga.
A especialista em psicologia hospitalar do Base, Cecília Vaz, confirmou que a ação serve para acompanhar a família. “Mantemos o contato com eles e sabemos como eles estão emocionalmente, lidando com a internação e a distância. Podemos fazer o atendimento deles também”, complementou.
AJUDE – Os celulares e tabletes usados na missão de aproximar os familiares dos pacientes são dos próprios colaboradores. Por isso, o setor está recebendo doações desses aparelhos, especialmente de tabletes que têm telas maiores. Interessados podem entrar em contato pelo email: gabriella.costa@igesdf.org.br.
Texto: Ailane Silva/Ascom IGESDF
Fotos: Davidyson Damasceno/Ascom IGESDF