No que diz respeito às vacinas contra a covid-19, o Distrito Federal decidiu aderir ao Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde. Isso quer dizer que as doses chegarão ao DF de acordo com os critérios de distribuição da pasta. Hoje, no Brasil, o ministério trabalha com duas vacinas: a CoronaVac, uma parceria do Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac; e a AstraZeneca/Oxford, feita em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
As primeiras doses entregues pelo Ministério da Saúde foram da CoronaVac. Ao todo, em 18 de janeiro, a Secretaria de Saúde do DF recebeu 106.160 doses da vacina chinesa, que vão imunizar, em duas etapas, 53.080 pessoas. Mas você sabe como foi produzido esse imunizante?
Na CoronaVac, os cientistas utilizaram uma plataforma bastante tradicional, por ser a mesma empregada na vacina contra a gripe. Trata-se do vírus inativado, incapaz de se reproduzir, ou seja, de causar a doença. Com isso, o vírus não infecta a pessoa vacinada, e sim estimula a produção de anticorpos contra a covid-19.
A outra vacina a ser utilizada pelo PNI é a AstraZeneca/Oxford. Nesse caso, a plataforma utilizada foi a de vetor viral não replicante. Para isso, foi usado um adenovírus, que foi editado geneticamente e no qual foi incluída a proteína Spike do coronavírus. Dessa forma, um antígeno (proteína) vai estimular o sistema imunológico do indivíduo a produzir anticorpos contra o vírus que causa a covid-19.
O infectologista Julival Ribeiro coordena o Núcleo de Controle de Infecção do Hospital de Base, administrado pelo Iges-DF. Ele chama a atenção para o resultado final das duas vacinas. “Independentemente da plataforma, o princípio é o mesmo. Todas as vacinas vão apresentar um antígeno (proteína) que estimulará o sistema imunológico da pessoa a produzir anticorpos para que, quando ocorrer uma infecção real, o organismo dessa pessoa esteja pronto a responder”, detalha.
Um debate preocupante e nada produtivo, segundo Ribeiro, é sobre a eficácia das vacinas. De acordo com dados apresentados pelos laboratórios, a CoronaVac tem eficiência de 50,3% e a AstraZeneca/Oxford, de 70%. “Isso significa que o risco de adoecer é 50,3% ou 70% menor entre vacinados se comparado com o risco de adoecer entre os não vacinados”, esclarece o médico.
O infectologista ressalta ainda que “ao se tomar a vacina anual da gripe, por exemplo, nós nem procuramos saber qual a eficácia da mesma”.
Por fim, Ribeiro acredita que dias melhores virão com o início da vacinação. No entanto, faz um alerta importante sobre o comportamento social. Segundo ele, medidas como o distanciamento social, o uso de máscara e a higienização das mãos devem perdurar por um tempo. “É apenas o início. Temos uma população mundial de mais de 8 bilhões de indivíduos que precisam da vacina”, contabiliza. “As vacinas são um dos maiores bens da humanidade para a prevenção de doenças. Temos de olhar para o todo e não para o individual”, conclui.
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