Especialista alerta para maior possibilidade de agravamento dos casos entre pessoas que fazem uso do tabaco
No próximo dia 29 de agosto, celebra-se o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
Conhecido inimigo da saúde, sobretudo dos pulmões, o tabaco é um dos fatores que podem contribuir com o agravamento do estado de pacientes acometidos pela infecção do novo coronavírus, causador da covid-19.
“Esses pacientes têm uma reserva pulmonar menor, com maior risco de um desfecho desfavorável. O tabagismo interfere na defesa do organismo, principalmente nos pulmões, tornando-os mais expostos a vírus e fungos”, explica Anderson Belezia, médico-radiologista, coordenador médico e responsável técnico da Diagnose, empresa prestadora de serviços de exames de imagem ao Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF).
“Trata-se de pessoas cuja função pulmonar e respiratória já é prejudicada. Desta forma, estão sempre mais suscetíveis e vulneráveis a qualquer tipo de infecção ou doença que represente ameaça aos pulmões, como pneumonias, bronquites e asmas”, declara Belezia.
De acordo com Belezia, o uso crônico do tabaco exerce significativos comprometimentos pulmonares. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é a obstrução da passagem do ar pelos pulmões e decorre tanto da inflamação da via aérea como da destruição do parênquima pulmonar (enfisema), e tem no cigarro seu principal causador.
“Esses fatores, associados à covid-19, são um risco real ao paciente, tendo em vista o ataque promovido pelo novo coronavírus aos pulmões. Então, pessoas tabagistas estão mais sujeitas a desenvolverem as formas mais graves da doença”, alerta.
O tabaco também é um conhecido promotor de neoplasias, ou seja, de processos patológicos. Entre elas, o câncer da cavidade oral, câncer de língua, de garganta e, sobretudo, o câncer de pulmão.
“Esses são os mais comuns entre quem fuma, mas o cigarro é forte aliado dessa doença de modo geral. E o cigarro é uma ameaça silenciosa, que vai mostrar seus malefícios de maneira mais intensa ao longo do tempo”, diz Belezia.
O médico destaca o papel da tomografia no acompanhamento de pacientes com covid-19 e nos diagnósticos de tabagistas.
“Trata-se de um exame melhor e de maior sensibilidade e especificidade, que trará informações mais precisas desses pacientes. O raio-x é uma modalidade mais disponível e também tem sua utilidade comprovada, conforme o caso, entretanto a tomografia promove uma investigação mais completa”, afirma.
Para o diretor-presidente do IGESDF, Sergio Costa, é importante que a data seja lembrada para que se crie uma consciência de combate ao cigarro.
“Nós, como gestores, estamos trabalhando para dar todo o suporte necessário à população. No entanto, é importante que a comunidade faça sua parte”, destaca o presidente.
De acordo com pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) realizada em 2019, o percentual total de fumantes com 18 anos ou mais no Brasil é de 9,8%, sendo 12,3 % entre homens e 7,7 % entre mulheres.