Equipes do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) participaram, nesta quarta-feira (8), de um treinamento surpresa que simulou a queda de um avião com múltiplas vítimas. Atores com maquiagem realista e ferimentos aparentes foram atendidos no Centro de Trauma do Pronto-Socorro. O objetivo da ação foi capacitar os profissionais para o atendimento em emergências com grande número de pacientes.
O exercício colocou à prova o protocolo de múltiplas vítimas da unidade. A maior parte da equipe multiprofissional não sabia que a simulação ocorreria. Apenas alguns gestores tiveram conhecimento prévio justamente para avaliar como os profissionais reagiriam a um acidente dessa proporção.

No Aeroporto Internacional de Brasília, local do suposto acidente, as dez vítimas foram classificadas conforme a gravidade dos ferimentos e encaminhadas para o hospital. Cinco foram identificadas como risco amarelo e cinco como risco vermelho, sendo que uma delas chegou ao HBDF transportada no helicóptero do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF).
O chefe do Trauma do HBDF, cirurgião Renato Lins, destaca a importância do simulado para garantir a agilidade e a precisão do atendimento. “Acidentes com múltiplas vítimas são raros, não acontecem frequentemente. Então, quando acontecer, temos que estar preparados para isso”, afirma.
Segundo o médico, após a triagem e estabilização, os pacientes são direcionados para setores como radiologia e cirurgia, conforme a necessidade. “É pra gente testar, na prática, o que está escrito no papel”, completa Lins.
O protocolo do HBDF prevê que outras áreas cirúrgicas sejam acionadas conforme o número e a gravidade dos pacientes. Durante a atividade, várias equipes foram remanejadas para dar suporte ao pronto-socorro.
“A gente vem construindo esse protocolo de atendimento para que, quando acontecer, estejamos preparados e todos os colaboradores saibam exatamente o seu papel”, explica Telma Ribeiro, gerente de emergência.
Após o simulado, os profissionais se reuniram para avaliar os resultados, identificar falhas e propor melhorias nos fluxos de atendimento. Para o cirurgião do Trauma Rodrigo Caselli, o treinamento é fundamental para avaliar o preparo de todos.
“A gente precisa ver o que funcionou conforme o pactuado e o que não funcionou. A crise é o momento de agir, não de planejar. O planejamento precisa ter acontecido antes”, ressalta.

A simulação envolveu diversos órgãos de segurança e saúde. Além do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF) e do Aeroporto Internacional de Brasília, participaram a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), o Detran-DF, a Polícia Civil (PCDF), a Polícia Federal, a Polícia Militar, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a Secretaria de Segurança Pública do DF.
O cabo V. Nascimento, do CBMDF, foi um dos agentes envolvidos na operação. “É gratificante saber que a gente está sempre se preparando para uma ocorrência desse vulto”, comenta.
Entre os participantes estava também o estudante de aviação Felipe Vilela, que atuou como uma das vítimas. “Foi angustiante e divertido ao mesmo tempo. Ver de perto o funcionamento de toda a estrutura de resgate e atendimento médico, mesmo como vítima, foi um grande aprendizado”, relata.


